NOTICIÁRIO Segunda-feira, 10 de Março de 2025, 09:02 - A | A

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VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA

A tragédia dos órfãos do feminicídio em Mato Grosso

Da Redação com PJC

Reprodução

FEMINICIDIO

 

No ano de 2024, Mato Grosso foi palco de um cenário aterrador de violência de gênero que deixou um rastro indelével de sofrimento e perdas irreparáveis. De acordo com o relatório "Mortes Violentas de Mulheres e Meninas em Mato Grosso por razões de gênero 2024", produzido pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, 47 mulheres foram assassinadas, resultando em 89 crianças e adolescentes órfãos. Este documento detalha as assombrosas estatísticas por trás dessa realidade, suas causas e impactos, e os esforços implementados para enfrentar essa questão sistêmica e cultural.

Das 47 mulheres vítimas de feminicídio, 41 eram mães. Muitos desses assassinatos foram assistidos pelos próprios filhos, o que ilustra a crueldade desses crimes. Por exemplo, Gleiciane de Souza, de 35 anos, foi cruelmente assassinada pelo esposo na frente dos filhos. Esse tipo de violência não apenas toma a vida das mulheres, mas também marca profundamente as crianças, em muitos casos, criando um ciclo intergeracional de trauma e violência.

Perfil das Vítimas e Agressores

O estudo revela que a maioria das mortes aconteceu em ambientes domésticos, perpetradas por parceiros ou ex-parceiros. A maioria das vítimas, com idades entre 18 e 39 anos, eram mães, e 60% se autodeclararam de cor parda. As armas mais utilizadas foram cortantes ou perfurantes, destacando a agressividade e a premeditação dos crimes. Este padrão sublinha a necessidade urgente de proteção para mulheres em situações vulneráveis, e a importância de políticas que abordem as raízes culturais dessa violência.

Esforços e Desafios na Prevenção

A Polícia Civil do estado intensificou suas medidas de proteção e prevenção. Em 2024, houve um aumento significativo no número de medidas protetivas de urgência emitidas. O aplicativo SOS Mulher MT, uma ferramenta inovadora, permite que mulheres solicitem proteção sem precisar ir fisicamente a uma delegacia. No entanto, apesar desses esforços, o aumento no descumprimento dessas medidas mostra que a aplicação da lei ainda enfrenta desafios significativos.

A Lei 14.994/2024, sancionada como parte do "Pacote Antifeminicídio", trouxe mudanças importantes, endurecendo penas para agressores e classificando feminicídio como crime hediondo. Apesar disso, como destacou a delegada-geral da Polícia Civil, Daniela Maidel, a mudança nas leis, embora crucial, é insuficiente por si só para enfrentar um problema tão enraizado na cultura e sociedade.

Uma Questão Estrutural e Cultural

O relatório ressalta que a violência contra a mulher é um problema estrutural, alimentado por machismo, impunidade e desigualdade social, que exige uma abordagem multifacetada. Além de mudanças legais, um compromisso coletivo é necessário para promover uma transformação cultural. A educação, tanto formal quanto dentro do contexto familiar, desempenha um papel vital na mudança de atitude em relação ao papel e valor das mulheres na sociedade.

Testemunhos do Horror e Esperança

Histórias de vítimas como Gleiciane e Leidiane Ferro da Silva trazem à tona o terrível custo humano dessa violência. Esses casos não são isolados, mas sim representativos de um padrão preocupante. A delegada Mariell Antonini Dias ressalta que muitas vítimas subestimam a seriedade das ameaças antes que seja tarde demais, destacando a importância de as mulheres buscarem ajuda ao primeiro sinal de violência.

Caminhos para o Futuro

Neste contexto, a Polícia Civil tem lançado mão de campanhas educativas, parcerias com outras entidades, e operações para aumentar a conscientização e prevenir a violência. Daniela Maidel reforça que é necessário avançar na criação de políticas públicas efetivas que lidem não apenas com a repressão da violência, mas também com a sua prevenção por meio de educação e transformação social.



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