A obra de retaludamento do Portão do Inferno, anunciada pelo Governo de Mato Grosso como a solução mais rápida e barata para sanar o deslocamento de blocos na região já recebeu um aditivo de valor no montante de R$ 7.619.071,55. A informação é da Secretaria Estadual de Infraestrutura, responsável pela intervenção. A princípio, a obra foi anunciada pelo valor de R$ R$ 29.582.403,57 e atualmente já está na casa dos R$ 37.201.475,12.
A empresa contratada, com dispensa de licitação, foi a Lotufo Engenharia. Conforme dados da própria Secretaria Estadual de Infraestrutura, foram executadas 16,11% das intervenções previstas, ao custo de R$ 5.991.831,10. Desta forma, já foram medidos e pagos até o momento 16,10%, o que representa R$ 5.988.228,72.
A empreiteira começou a trabalhar em 26 de agosto de 2024 e o contrato inicial previa 120 dias para o término da obra. No entanto, além do aditivo de recurso, também houve aditivo de tempo e mais 4 meses foram acrescidos para a finalização do retaludamento. Desta forma, a previsão é que seja concluído ainda neste primeiro semestre, se novos aditivos não forem concedidos.
Neste momento, quem passa pela MT-251, pode visualizar a construção de uma via de acesso para o topo do morro. Isso porque o retaludamento precisa ser feito de cima para baixo. A estimativa é que sejam retirados 180 mil metros cúbicos do morro e que o corte promova um recuo de 10 metros na pista.
A escolha pelo retaludamento foi questionada pelo presidente da Federação Brasileira de Geólogos (FEBRAGEO) e professor da UFMT, Caiubi Kuhn. O profissional considera que esta não é a melhor alternativa para o local. Pondera que a estrada poderá ser totalmente fechada quando o corte do morro tiver início, dificultando bastante a vida dos moradores que precisam pegar a estrada diariamente, seja para trabalhar, estudar ou para tratamento de saúde.
“Para você fazer um desmonte de rocha de um local como esse, precisa começar do topo para a base. Para fazer isso, é preciso subir com caminhão, com equipamentos pesados para tirar essa rocha e transportar para um outro local. Não é uma obra simples. Precisa de vias de acesso para chegar até o topo do Portão do Inferno e hoje essas vias de acesso não existem. Quando a gente considera a condicionante dessas vias de acesso, a gente consegue dizer com certa certeza de que isso não será uma obra para 120 dias”, ponderou em entrevista concedida à TV Centro América ainda em abril de 2024.
A melhor opção, segundo estudo feito pela UFMT, seria a construção de um viaduto. Desta maneira a estrada não sofreria interrupções enquanto a obra era feita pelo Governo de Mato Grosso. No entanto, o Executivo foi irredutível na escolha.
Transtornos continuam
Enquanto a obra não é concluída, quem depende da rodovia MT-251 amarga prejuízos e transtornos. No último dia 25, a estrada teve o trânsito interrompido totalmente, no período noturno, sem nenhum aviso prévio. O único comunicado feito pela Sinfra era de que a estrada ficaria o sistema pare e siga de 24 a 26 de fevereiro.
"Das 21 horas até as 5:10 nessa bendita rodovia aguardando a Sinfra liberar a passagem para nós. Disseram que liberariam às 01:00 da madrugada e por fim chega às 01:00 e não liberaram. Foram liberar às 05:10 da manhã! Pessoas idosas chegaram a passar mal, mãe com bebê de apenas 20 dias, um senhor com câncer necessitando tomar medicamentos tendo que se humilhar para poder chegar em casa. Mães com crianças pequenas, estudantes com fome, sede e cansados. Enfim, muitas pessoas sendo prejudicadas pela total falta de respeito com o cidadão. Logo chegará o bendito carnaval e todos terão passagem para festejar o carnaval em Chapada. Aí sim essas pessoas de fora não vão precisar passar mais de 8 horas esperando para passar no bendito Portão do Inferno, que na verdade se tornou um verdadeiro inferno na vida do cidadão chapadense", escreveu um usuário da rodovia no grupo de whatsapp da TV Chapada.
A alternativa à 251 seria a MT-246, que passa por Água Fria. O asfaltamento da via foi iniciado, mas não concluído. Isso significa dizer que com o período chuvoso, ainda existem trechos de atoleiro, o que inviabiliza o uso da via por carros de passeio. Ainda que estivesse em perfeito estado, o trajeto acrescenta à viagem cerca de 100 km.
A outra opção é seguir por Campo Verde e pegar a BR-364, outro trajeto que amplia e muito a quilometragem entre Chapada e Cuiabá.