A relação entre pais e filhos deveria ser baseada em amor, respeito e apoio. No entanto, nem sempre é assim. Pais tóxicos podem causar danos emocionais e psicológicos duradouros. Mas como identificar esse tipo de relação? Como os filhos podem se proteger e estabelecer limites saudáveis? Foi isso que o Papo com Ela buscou trazer na entrevista feita com a educadora e psicoterapeuta Carolina Amorim.
A primeira dica dada pela profissional para saber se você pode estar vivendo uma relação tóxica é prestar atenção em como se sente toda vez que precisa estar em contato com os pais.
"Primeiro ponto é, eu não sinto paz. Quando eu não sinto paz, quando eu não sinto o mínimo de fluidez, quando aquilo não é leve, pelo contrário, já existe um receio, aquela sensação de que, poxa, para eu estar lá, talvez eu preciso estar mais preparada emocionalmente. Hoje eu não estou disponível, porque eu sei que eu vou chegar lá e vou ter esses desafios tais. Então, quando a gente não tem esse primeiro momento de paz, naquele contexto, é hora de eu acender um alerta e me perguntar: o que que nessa estrutura não me favorece?", ponderou Carolina
Pais tóxicos apresentam comportamentos que podem minar a autoestima e o bem-estar emocional dos filhos. Algumas das principais características incluem: controle excessivo e falta de respeito pela individualidade do filho; manipulação emocional, incluindo culpa e chantagem; críticas constantes e desvalorização; agressões verbais ou físicas; falta de apoio emocional e negligência afetiva. E a relação se desgasta, muitaz vezes, porque os pais se esquecem de consultar os filhos para entender o que eles pensam e sentem.
"Eu não perguntei o que é o melhor para o filho. Então, eu parto do meu melhor. Isso está errado? Não existe certo e errado nesse contexto, porque ser pai e mãe também é aprender a dirigir com o carro andando, né? Existe um compromisso, um comprometimento e um amor, normalmente um afeto - não em todas - mas o afeto é a base dessa relação. Pode ser que esses pais tenham apenas se esquecido de lembrar que existe um indivíduo ali. O filho não é uma continuidade do pai, da mãe. Ele é um indivíduo com as suas próprias perspectivas, necessidades, buscas e escolhas. E aí se eu quero fazer o melhor para o meu filho, mas se eu estou mudando, diminuindo isso para que ele caiba no que eu penso enquanto mãe ou pai, que é melhor para ele, então eu tô esquecendo de enxergá-lo como um indivíduo. E aí nesse ponto, não vai existir um equilíbrio. Até porque, para todos nós, o primeiro compromisso é com a gente mesmo. Então, a pessoa que está ali enquadrada naquilo que a família entende que é o melhor para ela, ela está encaixotada, não é vista e não consegue ter esse contato com ela mesmo porque toda vez que ela vai ter, a família impede. Então, quer dizer, eu já trago o meu contexto, o meu julgamento como pai e mãe, sem sequer permitir que o filho pense, traga, fale, viva, experiencie e ainda mais numa idade adulta", reforçou.
O convívio com pais tóxicos pode levar a diversos problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e dificuldades em estabelecer relações saudáveis. A autoestima dos filhos também pode ser profundamente afetada, fazendo com que carreguem inseguranças para a vida adulta.
Conviver com pais tóxicos é desafiador, mas é possível se proteger e recuperar a autoestima. Reconhecer os padrões de comportamento prejudiciais e buscar apoio são passos fundamentais para construir uma vida mais saudável e equilibrada.
O Papo com Ela vai ao ar toda sexta-feira, às 16 horas, na TV Pantanal, 22.1. O conteúdo também fica disponível no canal no Youtube Papo com Ela. No Instagram, o conteúdo pode ser visto no perfil @papocomela.
Confira a entrevista na íntegra: