O Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público Estadual, deu início a uma investigação preliminar para investigar alegações de que uma facção criminosa estaria influenciando as eleições para vereador e para a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cuiabá. Essa força-tarefa reúne promotores de justiça e integrantes das forças policiais, buscando combater o crime organizado no estado.
A informação sobre a investigação foi divulgada pelo procurador de Justiça Domingos Sávio em suas redes sociais nesta quarta-feira (13). Ele afirmou: “Vamos aguardar as investigações do Gaeco, e tenho certeza que teremos o esclarecimento de tudo isso”.
As suspeitas surgiram após denúncias feitas inicialmente pelo vereador eleito Rafael Ranalli (PL) e, posteriormente, pelo prefeito eleito Abilio Brunini (PL). De acordo com o prefeito eleito, alguns vereadores teriam sido abordados com ofertas de R$ 200 mil para votar em um candidato específico à Mesa Diretora, com o dinheiro supostamente ligado a uma facção criminosa.
O promotor de Justiça João Batista de Oliveira, membro do Gaeco, abriu o que é conhecido como “notícia de fato”, um procedimento preliminar utilizado quando ainda não há elementos suficientes para a instauração de um Procedimento Investigatório Criminal (PIC). Caso surjam novos indícios durante essa fase, a investigação poderá ser formalizada, permitindo ações mais incisivas, como buscas, apreensões e possíveis bloqueios de bens.
Na mesma quarta-feira, Abilio Brunini foi intimado a prestar esclarecimentos sobre suas alegações. Além disso, ele já havia informado que levaria a denúncia ao conhecimento das autoridades de Segurança Pública do Estado de Mato Grosso e da Polícia Federal.
Repercussões na Assembleia Legislativa
As denúncias também repercutiram na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. O presidente da Assembleia, deputado Eduardo Botelho (União), em uma declaração feita no mesmo dia, comentou sobre a dificuldade que políticos enfrentam durante campanhas para identificar eventuais membros de facções criminosas. "O político que está em campanha anda em bairros, todo mundo está andando com ele, tirando foto. Você vai saber se a pessoa é de facção? ‘Olha, não vou tirar foto, porque você é de facção'. Qual político que está aqui sabe disso? Sabe quem é quem?”, questionou Botelho.
O deputado, que também fez campanha para a Prefeitura de Cuiabá, afirmou que nunca enfrentou restrições de entrada em bairros controlados por facções durante seus comícios. Ele enfatizou que cabe às forças policiais a responsabilidade de identificar e investigar qualquer infiltração criminosa no cenário político.
Botelho assegurou que o governador Mauro Mendes (União) disponibilizou toda a estrutura da Secretaria de Estado de Segurança Pública (SESP) para apoiar as investigações desencadeadas pela denúncia de Abilio Brunini. “A denúncia do Abilio, sobre dinheiro de facção em campanha, tem que ter provas substanciais sobre isso. Ele que apresente e a polícia investigue. O governador já colocou toda a estrutura para atender ele”, ressaltou.
A investigação em torno das eleições em Cuiabá ocorre em um momento delicado da política local, levantando discussões sobre a integridade dos processos eleitorais e a possível influência de grupos criminosos nas decisões políticas. A expectativa é que o Gaeco, com o apoio das forças de segurança, consiga esclarecer os fatos e, se necessário, tomar medidas para garantir a idoneidade das instituições públicas envolvidas.