OPINIÃO Terça-feira, 17 de Novembro de 2020, 18:09 - A | A

Terça-feira, 17 de Novembro de 2020, 18h:09 - A | A

ONOFRE RIBEIRO

Bem estar do cidadão

Onofre Ribeiro

[email protected]

Jornalista em Mato Grosso www.onofreribeiro.com.br

A eleição de prefeito de 2020 na maioria dos municípios de Mato Grosso foi muito pobre na compreensão dos cidadãos. Logo, também não compreendeu os eleitores. Cidadão e eleitor são irmãos gêmeos.

Em eleições anteriores falou-se casualmente, nunca com verdadeira clareza, de uma certa qualidade de vida. Entendia-se que asfalto e obras físicas dessem aos cidadãos essa tal de qualidade de vida. No entanto, 2020 foi um ano diferente, disruptivo e cobrador. Bom lembrar que no começo do ano tivemos inesperado lockdown, perda de empregos, perda de renda, doenças e mortes. Sem contar uma longa quarentena que atingiu milhares de pessoas e deu-lhes a sensação de que estavam sozinhos frente à vida.

De repente, famílias separadas pelas obrigações do trabalho passaram a conviver em casa, às vezes casas pequenas: o pai, a mãe, os filhos, o cachorro e o tempo! Pouco dinheiro. Incertezas. Principalmente incertezas! De repente, mães e pais cozinhando pra muita gente, enfrentando o dia a dia com despesas maiores em casa, mais conta de luz, de água, menos dinheiro. Completamente desconhecido tudo isso. De repente, o cachorro virou um membro efetivo da família e requisitou a sua cota de atenção. E os filhos sem a escola?

Muitas mortes próximas. Muitas doenças. O olhar saiu daquela generalidade da vida familiar e doméstica de antes agora mostrou uma realidade de conflitos. Nesse mesmo ano temos a eleição de prefeito e de vereadores. Na falta de pesquisas qualitativas, os candidatos guiaram-se pelas velhas informações que viram, ouviram ou já experimentaram em eleições anteriores.

Só que desta vez o cidadão começou a tomar consciência de si mesmo, ainda que isso não tenha sido consciente. Vindo da quarentena ele quer algumas certezas que vão além do asfalto e do prédio público construído pelo prefeito. Mesmo vendendo o voto, nas camadas mais pobres, o voto tem até uma proporção: de cada três votos vendidos, o candidato aproveita um. As pessoas estão buscando um aconchego chamado bem-estar. O covid 19 trouxe essa lição coletiva.

Por bem estar leia-se a certeza da existência de serviços públicos eficientes e presentes. Uma UPA sem dipirona não serve. Um prédio cheio de funcionários públicos caros carregando papéis inúteis agride o cidadão. Ele quer certezas dignas. Esse olhar crítico pede um conjunto de proposições novas. O segundo turno se não trouxer isso, não terá muito sentido em inovação.

As cidades são outras. Logo, quem for dirigí-las precisa estar ciente de que o seu papel será o de oferecer o bem estar. O toma-lá-dá-cá tradicional parece muitíssimo fora de moda pra um eleitor sofrido e inseguro.



Comente esta notícia

Nossa República é editado pela Newspaper Reporter Comunicação Eireli Ltda, com sede fiscal
na Av. F, 344, Sala 301, Jardim Aclimação, Cuiabá. Distribuição de Conteúdo: Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Nova Brasilândia e Primavera do Leste, CEP 78050-242

Redação: Avenida Rio da Casca, 525, Bom Clima, Chapada dos Guimarães (MT) Comercial: Av. Historiador Rubens de Mendonça, nº 2000, 12º andar, sala 1206, Centro Empresarial Cuiabá

[email protected]/[email protected]

icon-facebook-red.png icon-youtube-red.png icon-instagram-red.png icon-twitter-white.png