Ao mesmo tempo em que escolherão seus prefeitos e vereadores, os mato-grossenses que forem às urnas no próximo dia 15 de novembro deverão definir quem será o terceiro representante do Estado no Senado, por meio de uma eleição suplementar. O novo pleito se tornou necessário com a cassação do mandato da ex-senadora Selma Arruda (Podemos), condenada pela Justiça Eleitoral.
De olho na vaga, 12 políticos chegaram a lançar suas candidaturas em março deste ano, uma vez que a eleição seria realizada em abril. No entanto, como a pandemia da Covid-19 adiou o processo eleitoral, unificando-o às eleições municipais, pelo menos uma desistência está confirmada e outras alterações podem ocorrer no cenário político, com a mudança em composições entre os partidos.
De olho na onda conservadora que varreu o país e colocou seu maior expoente, Jair Bolsonaro (sem partido) no Palácio do Planalto, ao menos quatro pré-candidatos buscam associar sua imagem à do presidente, a exemplo do que fez Selma chegar ao Senado. São eles a Coronel Fernanda (Patriotas), Reinaldo Morais (PSC), José Medeiros (Podemos) e Elizeu Nascimento (DC).
Até o momento, Bolsonaro manifestou apoio apenas à Rúbia, participando de forma virtual do evento em que ela lançou sua candidatura. Mas, com o jogo zerado por conta da pandemia, Morais tem buscado uma aproximação com Bolsonaro, a exemplo de Elizeu, deputado estadual e policial militar. Antes favorito a ganhar as bênçãos do presidente, o deputado federal José Medeiros acabou preterido no processo, ainda que esteja entre os defensores mais aguerridos de sua gestão.
Em Brasília, embora acreditem na manutenção do apoio de Bolsonaro à pré-candidata do Patriotas, pessoas próximas do presidente admitem a possibilidade de uma mudança, sobretudo se a candidatura não decolar nas primeiras pesquisas.
Esquerda
Tentando recuperar o espaço perdido em 2018, os partidos de esquerda concentravam suas esperanças em três candidaturas, a de Valdir Barranco (PT), deputado estadual, e a de Gisela Simona (Pros). No entanto, a ex-diretora do Procon de Mato Grosso, dona de mais de 50 mil votos em 2018 e suplente na Câmara dos Deputados, anunciou nesta quinta-feira (30) que não seguirá na disputa, se lançando pré-candidata à Prefeitura de Cuiabá. Com isso, o ex-superintendente da Polícia Rodoviária federal, Arthur Nogueira (Rede), que era suplente de Gisela, pode aparecer na disputa.
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A terceira candidatura do campo majoritário da esquerda é a do vice-governador Otaviano Pivetta (PDT). Ex-prefeito de Lucas do Rio Verde e ex-deputado estadual, ele tinha anunciado como apoiadores o PV, PC do B e PSB e ainda tenta obter o apoio do governador Mauro Mendes (DEM), com quem foi eleito em 2018.
Governo
Mauro Mendes, aliás, terá que se decidir entre Pivetta e outros dois nomes. O do seu correligionário Júlio Campos (DEM), ex-governador, que sonha em se juntar a seu irmão Jayme Campos (DEM) no Senado, e a do ex-vice-governador e ex-secretário Carlos Fávaro (PSD), terceiro colocado na disputa de 2018 e senador no exercício do cargo por força de uma decisão judicial concedida após a cassação de Selma.
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A lista de pré-candidatos tem outro político que foi candidato em 2018, o peessedebista Nilson Leitão, ex-prefeito de Sinop e ex-deputado federal. Leitão ainda pode abrir mão da disputa, caso opte por disputar a prefeitura da cidade do interior de Mato Grosso. Já o PSOL deve lançar, para mais uma disputa, o Procurador Mauro, enquanto que o Novo terá o procurador Feliciano Azuaga.
Conheça os 12 pré-candidatos
Rúbia Fernanda de Oliveira Santos (Coronel Fernanda)
Casada
A pré-candidata do Patriotas tem 24 anos de atuação na Polícia Militar de Mato Grosso. Bacharel em Direito, a oficial formada na Academia Militar Costa Verde é especialista em Gestão de Segurança Pública pela UFMT. A oficial foi coordenadora de Segurança do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e disputará sua primeira eleição. É casada com o Coronel Wanderson Nunes de Siqueira, que, em 2018, disputou uma vaga na Câmara Federal pelo Partido Verde (PV) e obteve 11.337 votos.
Reinaldo Gomes de Morais (Reinaldo Morais)
49 anos, casado
O pré-candidato do PSC ao Senado possui uma carreira empresarial de sucesso. Formado em Zootecnia e tendo cursado o mestrado na área de Produção Animal e Nutrição, ele foi responsável pela implantação de frigoríficos de aves e porcos entre os maiores do país, fato que lhe deu o apelido de “Rei do Porco”. Depois de integrar diversas denominações religiosas, o empresário hoje colabora com uma ONG de orientação cristã que atende principalmente menores em situação de risco. Paranaense de nascimento, Reinaldo é o autor de um livro “Segredos de Pai pra Filho”, lançado em 2016 e que esteve em algumas conceituadas listas de títulos mais vendidos.
José Antônio dos Santos Medeiros (José Medeiros)
50 anos, casado
Deputado federal em seu primeiro mandato, José Medeiros tenta voltar nesta eleição suplementar ao Senado, onde esteve entre os anos de 2014 e 2018. Formado em Matemática e Direito, o potiguar de Caicó atuou na Polícia Rodoviária Federal e disputou sua primeira eleição para a Câmara dos Deputados em 2006, não sendo eleito. Quatro anos depois, Medeiros foi eleito primeiro suplente na chapa encabeçada por Pedro Taques, assumindo efetivamente o cargo com a vitória do então pedetista ao Governo de Mato Grosso. Uma polêmica envolvendo justamente a suplência da chapa de Taques acabou resultando na sua cassação, em 2018, por supostas fraudes na ata do registro da candidatura. No entanto, ele não chegou a deixar o cargo até o final da legislatura.
Elizeu Francisco do Nascimento (Elizeu Nascimento)
43 anos, casado
Militar reformado, Elizeu se prepara para disputar sua quinta eleição em oito anos, tendo sido eleito nas duas últimas. Além da atuação na Polícia Militar, em que chegou ao posto de 3º sargento, Nascimento possui um histórico no movimento comunitário, participando da criação de pelo menos três bairros de Cuiabá. Unindo a defesa das causas dos praças da PM com as demandas da comunidade, o pré-candidato se tornou candidato a vereador pela primeira vez em 2012. Dois anos depois conseguiu uma suplência na Assembleia Legislativa e chegou a ocupar o cargo por pouco mais de um mês. Em 2016, conquistou sua primeira vitória e passou a integrar a Câmara Municipal, saindo de lá dois anos depois com sua eleição para a Assembleia Legislativa.
Valdir Mendes Barranco (Valdir Barranco)
45 anos, casado
Pré-candidato ao Senado pelo Partido dos Trabalhadores, Valdir Barranco está há 19 anos na vida pública. Biólogo formado pela Unemat, com especialização em Gestão e Financiamento do Ensino Público, pela UFMT, o petista foi secretário de Educação de Nova Bandeirantes, cidade para onde se mudou na infância. Em 2004, foi eleito prefeito da cidade e, com o fim de seu mandato, passou a ocupar diversos cargos no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Mato Grosso, chegando à superintendência do órgão no Estado. Em 2014, voltou a enfrentar as urnas e foi eleito deputado estadual, mas só conseguiu assumir seu mandato dois anos depois, após uma batalha judicial. Em 2018 foi reeleito e se manteve no Parlamento.
Kellen Arthur Preza Nogueira (Arthur Nogueira)
46 nos, casado
O pré-candidato ao Senado pela Rede é mais um integrante da Polícia Rodoviária Federal a buscar a vaga ao Senado. Atuando no órgão desde 1993, Nogueira chegou ao posto de superintendente, que ocupou até 2016. Formado em Administração e Direito, o servidor público federal tem especialização em Políticas e Estratégias para o Setor Público e a Rede é sua única filiação partidária. Em 2018, participou de sua primeira eleição ao Governo de Mato Grosso.
Otaviano Olavo Pivetta (Otaviano Pivetta)
61 anos, divorciado
Atual vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta pode ser colocado na prateleira de políticos experientes que tentam a vaga ao Senado. Produtor rural, ele foi por três vezes prefeito de Lucas de Rio Verde, cidade onde o gaúcho de Caiçara mora desde 1982, sendo a primeira em 1996. Entre sua segunda e terceira gestões à frente da cidade Pivetta foi deputado estadual. O PDT, partido em que se filiou em 2018, é sua quinta sigla.
Júlio José de Campos (Júlio Campos)
73 anos, viúvo
Nenhum dos pré-candidatos ao Senado possui uma trajetória política tão longa quanto o postulante à vaga pelo DEM. Agrônomo por formação, ele iniciou sua vida pública em 1964. No entanto, foi eleito para seu primeiro cargo, prefeito de Várzea Grande apenas em 1972, pela extinta Arena, partido de sustentação ao regime militar. Já pelo PDS, Júlio foi o primeiro governador de Mato Grosso eleito após o fim da ditadura. Já no PFL, foi eleito deputado federal e senador. Em 1998, foi derrotado ao governo por Dante de Oliveira. Dez anos depois, sofreu outra derrota, desta vez ao município de Várzea Grande. Já em 2010, conseguiu ser eleito para mais um mandato na Câmara dos Deputados. No início deste ano, o político teve uma ação penal movida contra si pela acusação de homicídio arquivado por conta da prescrição.
Carlos Henrique Baqueta Fávaro (Carlos Fávaro)
50 anos, casado
Atual senador por Mato Grosso por força de uma decisão judicial, Carlos Fávaro tenta assegurar nas urnas sua continuidade no Legislativo. Agropecuarista, ingressou na política em 2009. Após ocupar uma série de cargos em entidades do agronegócio, entre eles a presidência da Aprosoja, como filiado ao PP, Fávaro foi eleito vice-governador de Mato Grosso na chapa encabeçada por Pedro Taques. Durante a gestão, acumulou o comando a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e em abril de 2018 renunciou ao cargo. Em 2015, deixou o PP para comandar o PSD em Mato Grosso. Derrotado nas eleições vencidas por Selma Arruda e Jayme Campos (DEM), assumiu o escritório de representação de Mato Grosso em Brasília, mas deixou o cargo para a eleição suplementar.
Nilson Aparecido Leitão (Nilson Leitão)
51 anos, casado
Assim como Júlio Campos, o tucano Nilson Leitão também pode se orgulhar de uma longa trajetória política. Na vida pública desde 1997 e sempre pelo PSDB, ele foi vereador em Sinop, prefeito da cidade por dois mandatos, deputado estadual, deputado federal por duas legislaturas seguidas e agora tentará mais uma vez chegar ao Senado e dar continuidade a esta trajetória. Um outro cargo de destaque ocupado pelo pré-candidato foi a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a maior frente parlamentar em atividade no Congresso. Por atos supostamente ocorridos em sua gestão na Prefeitura de Sinop, Leitão chegou a ser alvo de investigações, todas arquivadas posteriormente por prescrição sem que ele sequer tenha sido denunciado.
Mauro César Lara de Barros (Procurador Mauro)
44 anos, casado
Servidor público federal, o Procurador Mauro se prepara para disputar sua oitava eleição. Avesso a composições partidárias, ele tem conduzido o PSOL longe de coligações em todas estas disputas e atingiu seu ápice em 2016, quando quase chegou ao segundo turno nas eleições para a Prefeitura de Cuiabá, em sua terceira tentativa. Além disso, ele já disputou o Senado duas vezes, uma eleição para deputado federal e outra para o governo.
Feliciano Lhanos Azuaga (Feliciano Azuaga)
39 anos, divorciado
Mestre em Economia Industrial e Inovação pela Universidade Federal de Santa Catarina, Feliciano é professor universitário e vai para sua segunda disputa eleitoral pelo Novo. Em 2018, tentou e não conseguiu assumir uma das vagas do Estado na Câmara dos Deputados, recebendo menos de 3 mil votos. Para ser pré-candidato, ele passou por um processo seletivo interno, exigência da sigla para definir seus candidatos.