A área técnica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) defende a realização da nova eleição de senador no mesmo dia do primeiro turno das eleições municipais de novembro, programado para 15 de novembro. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, o presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, vai decidir sobre o assunto até esta sexta-feira, dia 17.
A assessoria do tribunal confirmou que Barroso avalia essa data para o pleito suplementar, conforme sugerido pelo presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, desembargador Gilberto Giraldelli. Na avaliação de Giraldelli, combinar os calendários economizaria gastos e evitaria um risco maior de contaminação dos eleitores pela covid-19.
A pandemia do novo coronavírus ampliou a permanência de Carlos Fávaro (PSD-MT), terceiro colocado nas eleições de Mato Grosso para o Senado em 2018. O empresário e produtor rural foi catapultado ao cargo por uma liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e não tem data para deixar o mandato-tampão. Uma eleição marcada para abril com o objetivo de definir o ocupante da vaga foi cancelada por conta da pandemia do novo coronavírus, o que adiou o desfecho do caso. Neste período, o próprio Fávaro acabou contaminado pela covid-19.
Fávaro chegou ao Senado em abril depois que a senadora Juíza Selma Arruda (Podemos-MT), conhecida como "Moro de saias", foi cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por caixa 2 e abuso de poder econômico na última campanha. A decisão de Toffoli garantiu ao parlamentar assumir o cargo provisoriamente até a realização da nova eleição no Estado. O argumento do presidente do STF foi não deixar Mato Grosso só com dois senadores e sem representação integral na Casa, onde cada Unidade da Federação é representada por três parlamentares.
Na prática, o adiamento do pleito deixou o político do PSD por mais tempo que o previsto na vaga. Em entrevista ao Estadão/Broadcast, o empresário rechaçou críticas ao mandato-tampão e declarou que haveria uma crise de legitimidade ainda maior se seu Estado estivesse com apenas dois senadores. Fávaro pretende concorrer à vaga na nova eleição para ficar definitivamente no mandato.
Para justificar sua atuação no cargo, o parlamentar cita que foi autor de uma emenda garantindo a Mato Grosso uma fatia maior no socorro financeiro pago pela União a Estados e municípios em função da pandemia. Além disso, diz ter conseguido com o governo a liberação de R$ 50 milhões em repasses diretos, mesmo sem direito a emendas parlamentares neste ano.
"Se eu não estou aqui, os mato-grossenses teriam perdido esses recursos, o Mato Grosso estaria sub-representado e aí sim seria ilegítimo. O que seria uma aberração é o Estado ter dois senadores só", afirmou. O parlamentar conta com sua atuação provisória para se cacifar na disputa. "Fica tranquilo. Ficarei até 2027. Com fé em Deus."
Fávaro chegou ao Senado depois que o PSD - partido do senador - e o governador Mauro Mendes (DEM) entraram com ações no Supremo pedindo que o terceiro colocado assumisse interinamente a vaga de Selma. "Não ganharam a eleição, não tiveram voto para ganhar eleição e agora querem inventar a figura do senador biônico. Esperamos que essa novela acabe em novembro", afirmou o vice-líder do governo na Câmara, deputado José Medeiros (Podemos-MT).
Um dos 12 nomes que já se lançaram na disputa pela vaga do empresário, o deputado critica a atuação do governo do Estado no caso. "Nós temos a máquina do governo do Estado trabalhando para o Fávaro. O governo do Estado de Mato Grosso pegou a Procuradoria do Estado e entrou com petição a favor de Carlos Fávaro no STF, o que é um absurdo. Eu não pedi impeachment do governador porque sei que não vai dar em nada. Daria impeachment até na Venezuela", disse.