O governo de Mato Grosso ainda não repassou à prefeitura de Cuiabá o valor destinado à manutenção dos leitos de UTI exclusivos para a Covid-19 instalados na Capital. A afirmação é do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), em entrevista virtual concedida na manhã desta segunda-feira (20). De acordo com ele, cada leito de UTI tem um custo total de R$ 2 mil diários, sendo R$ 1.600 repassados pelo Ministério da Saúde e R$ 400 pelo governo do Estado.
“O Ministério da Saúde tem repassado esse valor, mas o governo do estado ainda não e, nesse caso, o município tem que honrar com essa parte. Como a União tem feito esse repasse, estamos com recursos alocados para manter os leitos. De fonte própria, usamos recursos para adquirir remédios, EPIs e insumos”, explicou o gestor.
De um total de 225 leitos de UTI da rede pública de saúde na Capital há 135 leitos exclusivos para atender pacientes vítimas da Covid-19, sendo 95 no Hospital de Referência (antigo Pronto-Socorro Municipal) e 40 no Hospital São Benedito.
“No início o nosso plano de mitigação da doença previa 95 leitos e conseguimos fazer essa ampliação. A questão é que, com a interiorização da doença e a falta de estrutura nos municípios, muitos pacientes estão sendo encaminhados para a Capital, o que tem causado os altos índices de ocupação destes leitos”, informou o prefeito. “No começo da pandemia Cuiabá tinha 63% do total de casos confirmados, hoje representa 23% sendo o restante do interior”, completou.
Com relação à falta de repasse a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) informou que, até o momento, a Prefeitura de Cuiabá não encaminhou os documentos necessários para o processo de pagamento. “Sem esse respaldo, não é possível, nem legal, a efetivação do repasse”, diz a nota da assessoria.
Quarentena
Pinheiro também reclamou da quarentena imposta em Cuiabá e Várzea Grande por meio judicial e que vem sendo prorrogada semanalmente. Segundo ele, faltou diálogo com o Ministério Público e Poder Judiciário antes da tomada de decisão.
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“Entendo e louvo a angústia e a preocupação dos órgãos competentes, é legítimo e compreensível. Mas sabendo a luta diária e cotidiana que estamos liderando no combate à Covid-19 e as providências que tomamos antes mesmo da pandemia, como a criação de um comitê municipal de enfrentamento ainda em março, fomos surpreendidos por uma decisão judicial que acabou atropelando todo esse planejamento. Estamos recorrendo judicialmente dessas decisões”.
CPI do Paletó
“Foi falta de pauta, a delação do Silval é um mar de lama”, disse Emanuel Pinheiro ao se referir ao arquivamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó instaurada na Câmara Municipal que pedia seu afastamento do cargo e a abertura de processo de cassação.
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“Não me envolvo em assuntos internos da Câmara Municipal, mas acho que a CPI foi uma pauta forçada pela oposição. Como não tem pauta, eles deveriam focar boa parte do seu tempo em ações, projetos ou benefícios diretos à população”, afirmou. “Já tive oportunidade de pedir desculpas à população pela cena que é descontextualizada e que será devidamente explicada na Justiça”. Em sua defesa, Pinheiro afirma que os maços de dinheiro recebidos em cena filmada pelo ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa, enquanto era deputado estadual, se referem ao pagamento de pesquisas para o irmão, Marco Polo Pinheiro.
Obras
O prefeito de Cuiabá aproveitou a entrevista coletiva para anunciar a entrega de duas obras, sendo elas o viaduto Juca do Guaraná Pai, na avenida das Torres, que será entregue em 30 de setembro e o Viaduto Murilo Domingos, na avenida Beira Rio, a ser entregue em 31 de outubro.