Os exames para verificar a carga viral do HIV não estão sendo realizados pelo Centro Estadual Regional de Média e Alta Complexidade de Mato Grosso (Cermac). Os pacientes que se dirigiram ao local nesta terça-feira (1), quando é celebrado o Dia Mundial de Combate à Aids, não conseguiram realizar o procedimento.
A reportagem entrou em contato com o Cermac e tentou agendar um teste de carga viral. A resposta foi que não há tubos para a coleta e que não há previsão de chegada do kit. A solicitação é que retorne a ligação na semana que vem para verificar se houve mudança no quadro.
A presidente da Associação das Travestis de Mato Grosso, Lilith Prado, afirmou que o caso ocorre há pelo menos dois meses. Ela também denuncia que o número de médicos infectologistas no Cermac, responsável por atender a demanda do estado inteiro, é insuficiente.
"Não tem Kit no Cermac já faz meses. E não tem previsão de quando chega. Esse exame controla a medicação que as pessoas tomam. Se não fizer o exame, não sabe como está a situação e nem se a medicação está funcionando", disse Lilith que foi acionada por várias pessoas em decorrência da dificuldade.
Ela também aponta que existe apenas uma médica infectologista para o atendimento, além de dois ginecologistas. No entanto, Lilith pondera que ginecologistas não seriam os profissionais apropriados para atender esse tipo de demanda e que estariam no Cermac apenas para "assinar receitas".
A carga viral é uma avaliação quantitativa do RNA do HIV. Esse exame possibilita monitorar o estado da infecção pelo HIV, orienta o tratamento e prevê a evolução futura da doença.
Estudos mostram que manter a carga viral o mais baixa possível durante o máximo de tempo diminui as complicações, retarda a evolução da doença e prolonga a vida.
"Não fazer o exame implica em não conhecermos se o paciente tem quantidade de vírus baixa o suficiente ou não. Quando isso acontece de não ter quantidade de vírus abaixo do limite de detecção pode ser difícil de ajudar mensurar se está com o controle adequado da infecção ou não", explica a médica infectologista Andreia Neri.
Outro lado
A Secretaria Estadual de Saúde diz que não faltam insumos para a realização do exame, embora a reportagem tenha tentado agendar um horário no Cermac e não tenha conseguido. Veja a nota na íntegra.
"A Secretaria Estadual de Saúde esclarece que não faltam profissionais infectologistas e nem insumos para realização do exame de carga viral no Centro Estadual de Referência em Média e Alta Complexidade (Cermac). De acordo com a diretoria do Centro, a unidade especializada de saúde foi procurada na manhã desta terça-feira (01.12) por uma paciente que queria fazer exames e consulta. No entanto, o local está atendendo somente mediante agendamento prévio e a paciente não possuía agendamentos para esta data, por isso não foi possível realizar o atendimento de imediato. O órgão estadual informa que, apesar de não estar agendada, a paciente – que já possuía um agendamento para o dia 14 de dezembro – será atendida na tarde desta terça-feira devido a um encaixe extraordinário na agenda do profissional infectologista que atende na unidade. Houve pela manhã um desencontro de informação por parte do profissional em questão, pois o material fica armazenado no estoque do MT Hemocentro - localizado no mesmo complexo do Cermac - e o insumo só é disponibilizado ao Cermac quando há paciente agendado para realização do exame e, como hoje não havia paciente agendado, o insumo não foi retirado no Hemocentro pela equipe técnica do Cermac.".
Atualizada às 16:05
