Na luta contra a Covid-19 idéias que ajudem a minimizar o sofrimento das vítimas e salvar vidas são muito bem-vindas. Nesse sentido, um grupo de fisioterapeutas está pedindo a doação de máscaras de mergulho full face (que cobre todo o rosto) para que sejam adaptadas e usadas na ventilação não invasiva de pessoas internadas nos hospitais. Ao enviar ar enriquecido com oxigênio e com maior pressão para dentro dos pulmões, a máscara melhora a respiração do paciente e evita que ele seja intubado.
O fisioterapeuta Leandro Costa, idealizador do projeto, conta que tomou conhecimento desse sistema sendo usado na Finlândia no começo do ano. “Em março estava estudando estratégias sobre a doença e vi essas máscaras sendo utilizadas na Itália, mas imaginava que era uma realidade só da Europa com a tecnologia de lá, pensei que não era possível fazer o mesmo aqui”, conta.
Como alternativa inicial foram criadas tendas com canos de PVC e plástico transparente colocadas sobre o torso do paciente. Depois o fisioterapeuta conta que viu a máscara de mergulho adaptada sendo utilizada no Rio Grande do Sul e, em parceria com uma equipe liderada pelo arquiteto Maurício Oliveira, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), desenvolveu as conexões em uma impressora 3D e transformou a máscara de mergulho em máscara de ventilação.
“Fizemos vários testes e chegamos a um modelo que funcionou, sem vazamento. Junto com a ventilação é necessário um filtro especial que segura o vírus não permitindo que ele vá para o ambiente” revela. “Com a máscara o ar entra, auxilia na respiração do paciente e o ar que ele exala passa pelo filtro que, por sua vez, segura a carga de vírus protegendo a equipe”, explica.
O uso da máscara, segundo o fisioterapeuta, está sendo feito não apenas nas UTIs, mas também nas enfermarias e quartos dos hospitais.
“Se conseguirmos evitar a intubação e a ida para a UTI estamos salvando vidas e diminuindo a mortalidade por conta dessa doença”, ressalta Costa.
Atualmente há sete máscaras sendo usadas em três hospitais particulares da Capital. Foram recebidas 28 máscaras de doação, sendo que duas já estão em funcionamento em um hospital público e outras 10 estão sendo adaptadas para serem enviadas ao Pronto-Socorro Municipal, centro de referência para o tratamento da Covid-19. As outras 26 estão sendo adaptadas para serem encaminhadas a outros hospitais, especialmente do interior. O fisioterapeuta adianta que há outras 55 máscaras compradas por pessoas que desejam doar.
“Nossa meta é chegar a 150 máscaras, porque vamos distribuir também para os hospitais do interior. Alguns municípios já receberam máscaras e instituições como o Instituto Federal de Mato Grosso, o IFMT, estão ajudando com a impressão dessas conexões em 3D. Acredito que até o final da semana a gente consiga atender grande parte dos hospitais da Grande Cuiabá”, diz.
Por não serem encontradas em Mato Grosso, as máscaras podem ser compradas pela internet. O preço varia de R$ 130 a R$ 150.
“Enquanto isso vamos produzindo as conexões e estamos montando uma logística para distribuir para os hospitais de Mato Grosso”, informa Costa.
Treinamento
Outra frente de trabalho, de acordo com o fisioterapeuta, é oferecer treinamento adequado aos profissionais para que possam utilizar a máscara adaptada com mais eficácia.
“Se simplesmente fornecermos as máscaras, ainda não estamos resolvendo o problema. É preciso treinar os fisioterapeutas. Houve uma demanda muito grande por esse profissional nos hospitais e nem todos tem a formação adequada para executar essa técnica”.
Doação
Interessados em doar a máscara de mergulho full face devem entrar em contato com as seguintes pessoas: Viviane: (65) pelo 9 9972-1325; Joilce (65) 9 8407-5464; Samira (65) 9 9940 8428 ou Silvane (65) 9 9965-7272.
