O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) se posicionou contrário a instalação do Centro de Triagem na Arena Pantanal. Para o parlamentar, a medida poderá causar aglomeração e também dificultar o acesso da população à assistência médica. O governo de Mato Grosso anunciou a implantação do Centro de Triagem para diagnóstico de infecção pelo novo coronavírus de forma precoce, mas ainda não comunicou quando a iniciativa entrará definitivamente em funcionamento. A justificativa é que faltam profissionais médicos para ocupar os postos na unidade.
Além de deputado, Lúdio é médico sanitarista e avaliou que a melhor alternativa seria distribuir tendas de atendimento em diversos pontos pelas cidades que mais sofrem com o novo coronavírus. "Organize locais de fácil acesso onde as pessoas possam buscar atendimento. A Arena Pantanal até pode ter essas tendas, mas lá deve ter uma equipe espeífica para uma região. A praça do Pedra 90 deve ter uma tenda, a praça do CPA2 deve ter uma tenda como essa, assim como a praça do Cristo Rei. Esse centro de triagem na Arena vai ser mais um fator de aglomeração se concentrar o atendimento lá. Tem que distribuir em todo o território de Cuiabá, Várzea Grande e dos municípios onde há alta indicência da Covid-19", explicou o parlamentar.
Hoje Mato Grosso observa a interiorização da doença, com dados alarmantes em cidades consideradas pequenas, como Rosário Oeste, Confresa, Colíder, entre outras. Conforme a última divulgação da classificação de risco para transmissão do novo coronavírus, 66 cidades de Mato Grosso apresentavam risco alto ou muito alto de contágio.
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Fortalecer a atenção primária seria um caminho viável, conforme Lúdio Cabral, para atender de forma satisfatória a população mato-grossense."O que a gente precisa é quarentena rigorosa, mobilização da atenção primária, oxímetro para os agentes de saúde, carro de som avisando que os atendimentos serão feitos na porta das unidades de saúde em uma tenda, encaminhar paciente com suspeita para fazer tomografia (caso necessário) e oferecer medicamento na atenção primária. Isso nos permite frear a tragédia que está acontecendo no nosso estado".
Para o parlamentar, que faz oposição ao governo, o Executivo subestimou a pandemia. "Quando demonstrei que se 5% da população se infectasse em 90 dias, precisaríamoss de 1200 leitos, o governador subestimou, se fez de surdo e disse que Mato Grosso não teria mais de 4 mil casos".
Mato Grosso, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde, já registra 29.918 contaminados pela doença. Deste montante, 1.157 evoluíram para óbito.
"Era preciso testar todos os que estavam com sintomas, os contatos deveriam ser rastreados. Todos deveriam ser testados. Todos deveriam fazer um isolamento respiratório. Não havia outra medida a não ser essa de vigilância epidemiológica para enfrentar a Covid, não havia outra medida que não o isolamento. Gostaria de ter errado, mas infelizmente estamos vivendo a tragédia que estamos vivendo agora", asseverou o parlamentar.
O cenário é crítico não só em Mato Grosso, mas no Brasil, uma vez que o presidente Jair Bolsonaro adotou uma postura "negacionista e irresponsável", segundo Lúdio."Não foi tomada uma medida de proteção social, alimentar, econômica da nossa população. Nosso isolamento social é uma piada, é de fachada. Os negacionistas se apegam ao Kit Covid. Tenho feito teleatendimentos e colocado como opção a utilização de medicamento de forma precoce, mas isso não é a tábua de salvação. É preciso diálogo, coordenação, poder público atuar de forma sincrônica, mobilizar todo o sistema de saúde, proteger os profissionais da saúde e se comunicar de forma eficaz com toda a população".
Para referendar a eficácia do isolamento social, Lúdio citou a Argentina como exemplo. O país é o que está a mais tendo em quarentena, iniciada em 20 de março e dura até os dias atuais. O resultado é que o número de mortes é 10 vezes menor que a existente no Brasil.
Outro lado
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) esclarece que as equipes técnicas trabalham no planejamento do atendimento que será prestado no Centro de Triagem da Covid-19, justamente como forma de evitar a aglomeração de pessoas no local. O Governo de Mato Grosso defende que, neste momento, é prioritário o reforço do primeiro atendimento aos pacientes com sintomas leves do coronavírus.
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