Com 17 campanhas políticas no currículo o publicitário Junior Brasa, da Genius Publicidade, enxergou no universo digital uma ferramenta essencial em uma disputa política e, em 2012, criou um núcleo específico para alimentar as redes sociais na campanha do então candidato Mauro Mendes à prefeitura de Cuiabá.
“Naquela época já entendíamos a importância dessa ferramenta e começamos a levar conteúdo relevante para o digital. Essa área veio ganhando importância desde então e, nas eleições de 15 de novembro, o digital terá mais valor do que nunca”, disse o publicitário em participação na série de lives da Lêmure Comunicação
Para o comunicador, o Brasil é uma “escola eleitoral” com regras que mudam a cada pleito, o que pede atenção redobrada dos profissionais que atuam em campanhas políticas. Segundo ele, o marketing sozinho não faz uma eleição vitoriosa, mas é uma referência importante que, aliada à pesquisa, dá segurança aos profissionais em um trabalho que costuma ser intenso e, segundo ele, contagiante.
“A pesquisa quantitativa é estratégica no desenho da eleição e com ela conseguimos entender o cenário. É uma ferramenta, mas é difícil mudar uma eleição que está desenhada em um gráfico de pesquisas consecutivas a não ser que exista um fato novo e relevante que possa ser trabalhado pelo marketing eleitoral”.
Em um ano atípico como 2020, marcado por uma pandemia que mudou hábitos no mundo todo, Brasa acredita que há um certo desinteresse do eleitor pelas eleições e prevê um recorde de abstinência nas urnas.
“Se houver um trabalho de comunicação bem feito, com laços construídos com os eleitores e formadores de opinião, os votos irão até o candidato de maneira mais fácil”, enfatiza.
Apesar da popularização das mídias sociais, a TV ainda é uma ferramenta estratégica para a divulgação do nome e propostas do candidato. Segundo Brasa, o programa eleitoral tem pouca audiência, além da TV a cabo e serviços de streaming como concorrentes. Já as inserções (pequenas propagandas eleitorais introduzidas em meio à programação normal das emissoras) possuem poder maior de alcance do eleitor.
“Quem souber fazer a parte publicitária, vender o candidato em poucos segundos, terá esse diferencial. Inserção pede uma comunicação inteligente, rápida e efetiva”, ensina.
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Na internet a orientação de Brasa é profissionalizar a rede social com trabalho orgânico, foco no que o usuário quer ver, promoção de assuntos que sejam familiares ao eleitor, estejam dentro da sua realidade e que sejam relevantes para a comunidade onde ele vive.
“O candidato vai começar a ganhar seguidores e então poderá falar o que quiser, pois terá ouvintes. Mas tem que fazer o dever de casa, ter uma equipe, uma estrutura decente e um trabalho organizado. Não dá para fazer de qualquer jeito”.
As lives, que se popularizaram em tempos de pandemia de Covid-19 e isolamento social, não deverão ajudar muito nestas eleições, segundo Brasa. “São semelhantes ao horário eleitoral gratuito, mas com uma duração maior. Um trabalho de postagem nas redes sociais com pequenos vídeos terá muito mais audiência. Para que as lives façam sucesso é preciso ter conteúdo interessante para ganhar audiência”.