Em live realizada na manhã desta quarta-feira (3), a vereadora Edna Sampaio (PT) negou a existência de um suposta "rachadinha", denunciada pelo site RDNews, com a então chefe de gabinete da petista, Laura Abreu. Conforme a parlamentar, o que ocorre na capital é uma "política de nível rasteiro, que pune quem critica os grandes grupos políticos e tenta domesticar aqueles que pensam diferente". Edna afirmou ainda que não será "refém de nenhum coronel".
Embora não tenha citado nomes, a vereadora se refere aos grupos ligados ao prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) e ao governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União).
Conforme denúncia feita pelo site RDNews, Edna supostamente estaria cobrando de sua chefe de gabinete o depósito daquilo que receberia como verba indenizatória. No entanto, a vereadora esclarece que desde o início do seu mandato, criou uma conta em separado na qual são depositadas tanto a verba indenizatória que recebe para o exercício da função, como aquela que é destinada à chefe de gabinete.
A petista esclareceu que a verba indenizatória não configura como salário e o montante, formado pelo recebimento das duas verbas, é utilizado para financiar o mandato. Ela citou, com a legislação em mãos, em que ações a verba da chefe de gabinete deve ser utilizada. "Estou tranquila com o uso do recurso. Fazemos prestação de contas sempre, mês a mês", reiterou.
Segundo a legislação 6628/2021, a verba ao chefe de gabinete, no valor de R$ 5 mil, compensa as despesas excepcionais custeadas diretamente e pelo agente público no exercício de suas atribuições e atividades externas, condicionadas ao cumprimento de metas definidas pelo vereador a que está vinculado o servidor. As atividades cobertas pela VI são o atendimento das demandas nas comunidades, a supervisão dos trabalhos dos assessores de gabinete parlamentar, visitas nas secretarias e órgãos da administração para averiguação, checagem in loco do cumprimento das indicações do vereador, inclusive no funcionamento da iluminação pública.
Edna Sampaio ponderou que a suposta denúncia é uma tentativa de descredibilizar a postura que ela tem tomado frentre as ações da prefeitura e do estado. A parlamentar condena a polarização, que segundo ela chegou ao parlamento cuiabano, e impede discussões sobre os reais problemas enfrentados pela cidade.
"Essa é uma perseguição de quem não aceita que o PT tenha uma voz dissonante dos grupos postos. Estou abalada, revoltada, chateada diante dessa descredibilização. Estou convicta da minha postura de defender os propósitos que me trouxeram até aqui", reiteirou, lembrando que o partido já anunciou candidatura própria para 2024.
Durante a live, Edna estava acompanhada de todos os servidores do gabinete, incluindo a chefe de gabinete, Neusa Pinto, que substituiu Laura Abreu, exonerada do cargo grávida, outro caso que repercutiu negativamente contra a vereadora. Nesta manhã, ela voltou a falar do caso e disse que a exoneração foi regular.
Edna Sampaio ainda afirmou que a matéria veiculada pelo site seria uma "fake news utilizada como instrumento para destruir quem incomoda". Pediu o auxílio da população para combater o que classificou como "mentira".
Rachadinha
Conforme reportagem publicada pelo site RDNews, a ex-chefe de gabinete de Edna Sampaio, Laura Abreu, teria feito pelo menos quatro depósitos de R$ 5 mil na conta da parlamentar, totalizando R$ 20 mil.
A reportagem traz áudios, mensagens de WhatsApp e áudios que supostamente apontariam o esquema de rachadinha no gabinete da petista. De acordo com a matéria, assinada por Romilson Dourado, o caso está sob investigação do Ministério Público Estadual.
O marido de Edna, o ex-presidente do PT, William Sampaio, seria o responsável por cobrar o depósito da verba indenizatória da chefe de gabinete, que é no valor de R$ 5 mil.
As conversas de WhatsApp mostram William cobrando o depósito do valor referente à verba e os comprovantes de depósito do repasse feito por Laura, que foi desligada do cargo mesmo gestante. Por isso, recebeu indenização de R$ 70 mil da Câmara Municipal.
Relato da chefe de gabinete
A live ainda contou com o relato da atual chefe de gabinete de Edna, a jornalista Neusa Baptista Pinto. Ela ponderou que está no gabinete desde 2021, início do mandato, e observa com tristeza esse episódio. Afirmou que desconhece qualquer suposto ato ilícito e confirmou que a verba indenizatória é utilizada para o financiamento do mandato.
"Acompanhamos a aplicação da verba e não tem qualquer utilização incorreta. Recebemos os nossos salários normalmente e não tem nada que desabone o mandato", asseverou.