A Biblioteca Nacional vai criar um novo prêmio, intitulado Akuri, para agraciar obras ligadas à contação de histórias de povos originários e de culturas de matrizes afro-brasileiras.
O presidente da instituição, Marco Lucchesi, afirma à reportagem que o objetivo é promover a "fixação das histórias orais".
"Eu percebi essa necessidade ao visitar aldeias indígenas e quilombolas, porque os jovens estavam buscando reconquistar suas línguas [tradicionais], aprendê-las e, sobretudo, registrar as velhas canções."
"Há uma necessidade de recuperar a memória. E como a Biblioteca Nacional é a casa da memória, era importante criar esse prêmio que espalha essa vontade e de não perder essa memória ancestral", diz ainda.
O prêmio será anunciado na terça (30). A primeira edição da honraria será entregue ainda neste ano.
Lucchesi assumiu a gestão da biblioteca no governo Lula após quatro anos de gestão bolsonarista. O presidente anterior, Luiz Ramiro Júnior, citou Olavo de Carvalho em seu discurso de posse e homenageou, no ano passado, o então deputado Daniel Silveira com a Ordem do Mérito do Livro.
A honraria, historicamente concedida a acadêmicos e intelectuais, já foi entregue a Gilberto Freyre e Carlos Drummond de Andrade. Lucchesi foi um dos agraciados, mas recusou o prêmio ao saber que a medalha também ia ser concedida a Silveira.
Antes de Luiz Ramiro Júnior, Rafael Nogueira comandou a Biblioteca e era criticado por defender posições monarquistas e ser próximo à produtora de direita Brasil Paralelo.
Entre as duas presidências, houve até a tentativa de pôr um capitão da Marinha para comandar a instituição, mas Carlos Fernando Rabello caiu antes mesmo de tomar posse.