Alucinações, sonambulismo, dependência. Essas são algumas das complicações que o uso indiscriminado e sem acompanhamento médico do Zolpidem - medicação indicada em casos de insônia - causam ao usuário. Com o crescimento da comercialização dessa substância, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) resolveu mudar a forma de prescrição, tornando o processo mais burocrático. Em 2018, a Anvisa estima que tenham sido vendidas 13,1 milhões de caixas de Zolpidem no Brasil. Já em 2022, a estimativa disparou para 21,9 milhões de caixas, um aumento de 67% nas vendas.
Antes, o paciente precisava apenas de uma receita branca, em duas vias - como aquela usada para comprar antibiótico - para acessar o medicamento. Agora, a exigência é de receita azul. Apenas profissionais cadastrados conseguem emitir a receita.
Para a psiquiatra Karolyne Metello a medida deve aumentar o "mercado negro" do Zolpidem. Em conversa com o Papo com Ela, a médica salientou que durante a pandemia de covid-19 houve uma explosão do uso do remédio. Considera que essa foi uma ferramenta de "fuga" para lidar com o isolamento.
Afirma também que as pessoas não conseguem mais discernir se existe uma real dificuldade de dormir e não tentam outros mecanismos antes de adotar o uso do Zolpidem, como hábitos para a higiene do sono. Ressalta que em grande parte dos casos, os usuários utilizam por conta própria, excedem na dosagem e desembocam numa situação delicada. Nesse contexto é importante destacar que o organismo feminino tende a ter mais problemas com o uso indiscriminado e por grande período de tempo da medicação.
Assista à entrevista na íntegra: