Pessoas que sofrem traumas podem adotar um comportamento conhecido como fuga/esquiva. Para se poupar do sofrimento, evitam situações que veem como "perigosas" - neste caso ocorre a esquiva - ou se topam estar naquele ambiente extressor, ao se verem confrontadas com o cenário conflitante encontram maneiras de fugir do local.
Vamos supor que o seu medo seja falar em público. Num comportamento de esquiva, dirá não aos convites que te coloquem no centro dessa dificuldade. Caso decida derrubar essa barreira e aceitar o convite para fazer uma palestra, por exemplo, pode no momento de subir ao palco, inventar uma desculpa para ir embora. Aqui já se configura a fuga.
Quem explica esses mecanismos é a psicóloga Kelly Constantivo, que afirma que a maioria dos traumas ocorrem na infância e voltam à lembrança na vida adulta, causando um comportamento por vezes paralisante.
O trauma pode ser dividido em três categorias. O crônico, que resulta da exposição constante e prolongada aos eventos estressantes; o agudo, que é resultado de um único evento traumático (assalto, sequestro, acidente, violência) e complexo, que resulta a exposição a vários eventos traumáticos.
"Para cada um desses traumas vamos lidar de maneiras diferentes e a inteligência emocional, a forma como a gente percebe, ela vai influenciar a forma como a gente lida. Óbvio que quando a gente coloca um trauma que é mais profundo, a pessoa não consiga elaborar sozinha. É aí que entra o suporte profissional para ajudar com aquela situação", explica a psicóloga.
O trauma depende do filtro que usamos para enxergar a vida. Se uma crença negativa está ativada, você vai visualizar com mais facilidade eventos extressores que reforçam essa crença, fazendo um reforço negativo. Daí é que fica muito evidente o comportamento de fuga e esquiva.
Kelly Constantino pontua que esse tipo de comportamento visa nos deixar em uma zona de conforto, apesar das limitações que causa. Lembra que a vida, principalmente a adulta, nos cobra fazer o que é necessário, não somente aquilo que nos deixa confortáveis. Pontua que essa dificuldade surge também pela dificuldade de olhar para situações a longo prazo.
Confira a entrevista na íntegra aqui: