Casais que mantém relações sexuais regulares sem o uso de contraceptivos durante 12 meses e não conseguem engravidar são considerados inférteis segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Ainda segundo a entidade, de 50 a 80 milhões de pessoas em todo o mundo podem ser inférteis. No Brasil esse número chega a 8 milhões, conforme a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
As causas da infertilidade são diversas e podem ser femininas, masculinas ou de ambos. De acordo com a SBRA, cerca dos 35% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher, outros cerca de 35% ao homem, 20% a ambos e 10% são provocados por causas desconhecidas. A boa notícia é que, na maioria dos casos, a infertilidade é tratável.
A pandemia de Covid-19 foi responsável pela suspensão, pelo menos momentânea, do sonho de muitos casais em ter um filho. Tratamentos de inseminação artificial foram suspensos no início da pandemia e muitos centros médicos em todo o país ainda não retomaram os atendimentos.
“Aos poucos, com o atual cenário, temos uma flexibilização dessas condições e alguns tratamentos de fertilização foram retomados com uma individualização dos casos”, observa o ginecologista e obstetra, especialista em reprodução assistida, Matheus Medeiros. “Por ser Mato Grosso um estado de grande dimensão territorial, há muitas realidades diferentes como regiões com muitos casos de Covid-19 enquanto outras onde o número de casos é praticamente zero”, observa.
De modo geral, segundo ele, a orientação é para que mulheres que estão em casa neste período e almejam engravidar podem prosseguir com as tentativas se assim o desejarem. “Até porque temos que lembrar que esse bebê vai nascer num momento oportuno, sem pânico”.
Ter um bebê por meio da reprodução assistida requer um longo caminho a ser percorrido pelo casal juntamente com um médico especialista. Além disso, é um caminho com muitas etapas que envolvem muita conversa entre médico e o casal e também uma série de exames.
“É um trabalho que envolve muitos profissionais. Alguns casais precisam de acompanhamento psicológico ao longo do tratamento, até porque não há taxa de êxito garantida e insucesso traz frustração”, frisa o médico. Por isso, segundo ele, é recomendável que o casal esteja tranquilo, seguro em sintonia, ciente do caminho que será trilhado. “Familiares que abracem esse sonho junto com o casal ajuda muito a passar essa tranquilidade”.
De acordo com o especialista, há 3 itens que norteiam o diagnóstico de infertilidade: marcadores hormonais, quando são avaliados a dinâmica do ciclo menstrual e a reserva ovariana, a análise da estrutura pélvica (útero, ovário e trompas) e as condições do esperma do homem.
“A vida do homem nesse cenário é um pouco mais fácil porque ele precisa apenas de um único exame, o espermograma”, explica o dr. Medeiros.
Além de causas biológicas, fatores externos podem influenciar na fertilidade como o tabagismo, obesidade, sedentarismo, uso de anabolizantes, entre outros.
Na medicina reprodutiva os tratamentos são divididos em baixa e alta complexidade. Os primeiros são o coito programado e a inseminação intrauterina, indicados a casais com pouco tempo de infertilidade e com todas as análises biológicas iniciais dentro da regularidade. Neste caso, as taxas de sucesso são de 15% a 20%.
Os tratamentos de alta complexidade são uma alternativa à idade materna avançada e outros impedimentos como endometriose, obstrução da trompa e fatores masculinos. Neste caso as taxas de sucesso ficam em 50%.
“Estamos observando que os seres humanos estão ficando cada vez mais inférteis de um modo global”, observa o especialista. “Além disso, o perfil da mulher na sociedade mudou muito. Em gerações anteriores a função da mulher eram os filhos e o lar. Hoje elas estão em todos os cenários e a maternidade tem ficado em segundo plano. O tempo em que a maternidade vai se encaixar na vida de uma mulher impacta bastante na questão da fertilidade”.
Uma das alternativas nesse novo cenário é o congelamento de óvulos que podem ser mantidos neste estado indefinidamente. Mas uma vez descongelado ele é fertilizado, segue para a incubadora e o embrião é transferido para o útero.
“No caso em que o útero apresenta alterações, congelamos o embrião e preparamos o órgão para receber o embrião posteriormente”, revela o especialista.
Apesar de um número cada vez maior de informações disponíveis, alguns mitos ainda cercam o tema. Um deles é o uso prolongado de anticoncepcionais. “Eles não impactam na fertilidade, não são os vilões do cenário. As mulheres nascem com toda a sua reserva ovariana e, ao longo da vida, essa reserva vai sendo consumida. Os contraceptivos não influenciam nessa dinâmica de perda folicular”, informa o dr. Medeiros.
A idade, no entanto, é um fator crucial. De acordo com o médico, nas mulheres a idade ideal para ter filhos é abaixo dos 35 anos. Quanto mais novas, maiores são as chances de sucesso na fertilização. No homem a vida reprodutiva se prolonga por um período maior.
Infelizmente a medicina reprodutiva ainda não é algo ao alcance de todos. Não há tratamentos disponíveis por meio do serviço público, a saúde suplementar impõe uma série de restrições e os custos são altos.
Desperta Mãe 04/08/2020
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