Com a onda de ataques a escolas pelo país, o Papo com Ela resolveu conversar com a psicóloga Whuiane Gomes para entender o que está por trás deste tipo de comportamento. Investigações feitas pela polícia para apurar a origem das mensagens que anunciavam massacres em unidades escolares mostraram que crianças e adolescentes estavam envolvidos na distribuição das informações. Embora a maioria não passasse de blefe, também foi verificada a efetivação das ameaças em alguns estados como Ceará e São Paulo.
Whuiane Gomes alerta que como estão em fase de formação, adolescentes são muito sensíveis a qualquer tipo de sugestão, seja ela positiva ou não. Diante disso, a internet acaba exercendo uma influência considerável. Nesse universo, que por vezes não é monitorado pelos pais, estão os grupos extremistas, que atuam cooptando esses adolescentes e disseminando o discurso de ódio, o culto à violência. Se neste contexto esse adolescente é vítima de bullying, por exemplo, a saída encontrada para se livrar do sofrimento é a agressão.
A psicóloga lembra que antes da pandemia de covid-19, outras "saídas" eram encontradas por esses adolescentes, como o suicídio ou a depressão. No entanto, com o consumo cada vez mais acentuado da internet, outra porta se abriu para sair da posição de vítima: os ataques violentos.
Por isso é necessário um monitoramento efetivo. Verificar o que os filhos consomem e se apresentam alguma mudança de comportamento são fatores essenciais para evitar tragédias.
Se por um lado falamos de adolescentes que podem reagir ao bullying de forma violenta, por outro temos adultos que recorrem a ataques para mostrar que desafiam as normas, conforme aponta a Whuiane Gomes. O caso verificado em Blumenau, onde quatro crianças foram mortas a golpe de machadinha e outras quatro ficaram feridas mostra o nível de crueldade do autor do ataque, que afirmou em depoimento que o ataque seria parte de um "jogo".
Pertencente a um grupo extremista, a psicóloga lembra que quem coaduna com esse tipo de pensamento tem como premissa "criar as próprias regras", ou seja, o sistema em vigência deve ser desafiado. A escolha de crianças como alvo, afirma a profissional, pode ter como finalidade "chocar a sociedade".
Assista a entrevista na íntegra: