Mulheres, desde o nascimento, são ensinadas a cuidar. Mas esse cuidado fica relegado a terceiros. O autocuidado é deixado de lado e pode custar caro. A pandemia de Covid-19 externou esse cenário. Pesquisa realizada pela ONG Think Olga, no ano de 2023, apontou que 45% das mulheres brasileiras obtiveram diagnóstico de ansiedade, depressão ou algum outro transtorno mental no pós-pandemia. Foram ouvidas 1.078 mulheres, entre 18 e 65 anos.
E esse quadro é pintado porque as mulheres estão esgotadas pelas múltiplas tarefas que executam. O esgotamento não é apenas físico, mas também mental. Embora a psicopatologia seja multifatorial, o ambiente é significativo no desenvolvimento de transtornos.
"O contexto que as mulheres estão inseridas é repleto de estressores. As mulheres assumiram várias vagas, cuidam do outro muito bem, mas esqueceram de olhar para si. Isso refleto no aumento de transtorno entre as mulheres", diz a psicóloga Cristiane Amaral, em entrevista ao Papo com Ela.
Embora tenha assumido diversos papéis no mercado de trabalho, a mulher não conseguiu se desvencilhar dos cuidados domésticos ou da família. A divisão de tarefas ainda não está bem estabelecida. E a "obrigação" de cumprir esse papel não é cobrado apenas pela sociedade, mas existe um sentimento internalizado pelas próprias mulheres.
"A gente consegue observar o quanto as mulheres se sentem culpadas por cuidar delas mesmas, o quanto isso é opressor. Somos educadas a olhar para o outro e não olhar para si. A pressão externa é grande, mas a pressão que nós mulheres colocamos em nós mesmas é muito maior. Não queremos largar nada. Não conseguimos encontrar um equilíbrio".
Assista à entrevista na íntegra: