#PAPO COM ELA Quinta-feira, 25 de Janeiro de 2024, 15:52 - A | A

Quinta-feira, 25 de Janeiro de 2024, 15h:52 - A | A

EDUCAÇÃO NECESSÁRIA

Disfunção sexual pode ser causada por falta de autoconhecimento, diz sexóloga

Michely Figueiredo
Da Editoria

Discutir educação sexual desde a primeira infância é um grande passo para evitar o abuso infantojuvenil, mas também meio caminho andado para garantir vida sexual de qualidade na fase adulta. É isso o que afirma a sexóloga e educadora sexual Fernanda Marzaro, que concedeu entrevista ao Papo com Ela e defendeu o fim do tabu para tratar o tema com crianças e adolescentes. 

O autoconhecimento também é uma chave integrante do processo da educação sexual. E o problema atinge principalmente mulheres, que muitas vezes não sabem sequer o nome apropriado das suas partes íntimas. 

“Homens e as mulheres acabam tendo disfunções por falta do autoconhecimento. Essa palavra autoconhecimento todo mundo fala muito hoje. As mulheres não sabem o nome da sua região íntima. Eu escuto muito assim, onde fica o clitóris? O tal do ponto G, que na verdade fisiologicamente ele não existe. As pessoas falam muito, mas ele não existe”. 

Marzaro ressalta que o primeiro passo é entender que educação sexual não vai ensinar às crianças o que é sexo, como os críticos equivocadamente acreditam. Mas sim que ela tem regiões do corpo, consideradas íntimas e que devem ser preservadas. 

A educadora sexual lembra de todo o contexto de repressão existente na infância, principalmente com meninas. Não é permitido o toque, por ser considerado “sujo”, “pecado”. 

“Como essas mulheres vão se desenvolver sexualmente? O homem já tem toda uma pressão, ele tem que ser o garanhão. É a questão machista. O homem tem muito mais contato com sua região íntima. Para urinar, ele segura várias vezes ao dia. Nós mulheres não podemos colocar a mão. Então a mulher acaba não tendo esse autoconhecimento”. 

A educação sexual infantil vem no sentido de garantir que crianças cresçam com mais saúde. “Da mesma forma que tenho meu nariz, minha boquinha, também tenho a minha parte íntima e o nome dela é vulva e não vagina como a maioria das pessoas fala. Acho que a gente começa a entender melhor, conhecer melhor o nosso corpo, entender as suas funções e que a sexualidade faz parte dela”. 

A especialista lembra que saúde sexual é uma das áreas de saúde classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). 

“Homens e mulheres não podem se considerar saudáveis se essa área da sexualidade sofre alguma disfunção ou alguma insatisfação”, acrescentou. 

Fernanda pontua que as disfunções na vida adulta estão ligadas, na maior parte dos casos, a um histórico de abuso na infância. A especialista pode verificar isso na sua atuação atendendo crianças na nefro pediatria e pela experiência de vida que teve. Fernanda sofreu abuso na infância e na vida adulta precisou enfrentar uma disfunção pélvica, dor na relação, além de uma doença autoimune. 

“Tenho muita empatia. Depois que parei de atender crianças, comecei a atender homens e mulheres. Homens chegavam com impotência sexual, ejaculação precoce e eles acabavam compartilhando comigo que tinham sofrido abuso na infância. As mulheres também. Tinha ali mulheres que tinham sofrido abuso na infância e acabaram desenvolvendo num primeiro momento disfunções psicológicas e emocionais, mas que com o passar do tempo se tornaram físicas”. 

Essas disfunções podem ser variadas como dificuldade para evacuar, dificuldade de receber o toque durante a relação, dor pélvica, entre outras. 

“Hoje o que nós temos de maior ferramenta na prevenção do sexual infantil é a educação sexual infantil. Quanto mais você instrui essa criança, tanto meninas quanto meninos, por que a gente tem uma preocupação muito grande com as meninas, mas a gente acaba não se preocupando quanto aos meninos. Mas quanto mais informada for essa criança, mais chances ela tem de pedir ajuda, de se conectar com o adulto e contar o que está acontecendo”. 

 Assista a entrevista na íntegra aqui: 



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