#PAPO COM ELA Sexta-feira, 18 de Setembro de 2020, 15:47 - A | A

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Dia Mundial da Limpeza pede que cada um cuide do "seu quadrado"

Em 19 de dezembro é celebrado o Dia Mundial da Limpeza, uma atitude global em prol do meio ambiente e da sustentabilidade. Neste dia, voluntários de todo o mundo saem às ruas em uma ação coletiva de limpeza dos espaços públicos como ruas, praças, parques e bairros. A ação é emblemática e simboliza a necessidade de despertar a sociedade para o descarte correto dos resíduos sólidos urbanos.

No ano passado 20 milhões de pessoas em 180 países e territórios se uniram neste objetivo comum. No Brasil foram 1.200 cidades e mais de 320 mil pessoas. Desde 2018 Mato Grosso está inserido nessa mobilização, capitaneada por Jean Peliciari, coordenador da Teoria Verde e diretor da mobilização nacional para o Dia Mundial da Limpeza.

Com o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, este ano a ação será diferente, mais introspectiva, e tem como tema Eu cuido do meu quadrado.

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“Com a pandemia, de um problema vimos uma oportunidade. Muita gente está preocupada com a cidade suja, mas nesse momento em que as aglomerações estão proibidas, estamos motivando as pessoas para esse novo modelo de comportamento dentro de casa”, conta Jean. “Incentivamos a separar o lixo nas 3 frações, os recicláveis, orgânicos e rejeitos, independente de haver ou não coleta seletiva na porta de casa. O lixo já separado facilita muito o trabalho do catador, que tem nessa atividade a sua fonte de subsistência”.

A campanha busca também conscientizar os cidadãos sobre a sua responsabilidade, seja individual ou coletiva, para com os resíduos gerados. Segundo Jean, o lixo só se torna lixo quando é misturado dentro de casa ou jogado em local inadequado. Até então ele é resíduo, que pode ser encaminhado aos locais específicos, permitindo assim o movimento da economia circular.

“Esse despertar ambiental era lento até pouco antes da pandemia. As pessoas não estavam tão atentas quanto a sua responsabilidade perante os resíduos que elas próprias produzem. Com a pandemia houve um maior interesse sobre o agir ao invés de ficar apenas reclamando e delegando ao poder público a função de resolver todos os nossos problemas”, enfatiza Peliciari. “A pandemia está sendo um grande desafio na nossa vida, mas as pessoas parecem estar mais sensíveis também aos problemas do meio ambiente e, por consequência, tentando entender como podem fazer parte dessa revolução”.

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Desde 2015 a Teoria Verde desenvolve projetos variados com foco na conscientização ambiental. De acordo com Peliciari, o contribuinte que vive na Capital paga, todos os anos, R$ 40 milhões para que o lixo seja levado de sua casa e depositado nos aterros sanitários.

“As futuras gerações vão rir desse modelo de gestão que é aplicado não só em Cuiabá, mas na grande maioria das cidades brasileiras e que está fadado a acabar. As últimas gestões municipais não tiveram capacidade, conhecimento e pessoal para resolver o problema”, observa.

Segundo ele, o que se chama de aterro é um lixão a céu aberto que recebe de 400 a 700 toneladas de lixo por dia. Segundo Jean, o cidadão “enterra” dinheiro no lixão, recurso desperdiçado com o descarte incorreto de material reciclável.

“Nunca fomos educados a fazer a separação desse resíduo dentro de casa. É o que queremos pedir no Dia Mundial da Limpeza. O que deve seguir para o aterro são apenas os rejeitos, os recicláveis precisam voltar para a economia”, orienta. “Como não há coleta seletiva na porta de casa, fazer o descarte correto dá um pouco mais de trabalho, mas se a pessoa realmente quiser, ela faz. É uma ação consciente e responsável”.

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O simples ato de misturar todos os resíduos dentro de casa gera uma série de impactos ambientas. Inviabiliza o reaproveitamento dos recicláveis que estão sujos. A mistura, quando enterrada, forma um chorume que infiltra na terra e polui o solo, o lençol freático e gera gases como o metano, um dos gases causadores do efeito estufa.

Um pequeno movimento de separação correta do lixo já pode ser sentido com o surgimento de empresas especializadas na compostagem. Elas recolhem o lixo doméstico, fazem a separação e dão retorno em forma de adubo ou hortaliças. É a chamada revolução do baldinho.

“Quando esse movimento começa dentro de casa a pessoa percebe os tipos e quantidade de lixo que produz”, ressalta Jean.

Ações como essa impactam no dia a dia e são importantes para o futuro das cidades. Na opinião da arquiteta Juliana Elias, o conceito de integrar o urbanismo com consciência ambiental ainda é novo, mas necessário.

“As cidades são produzidas para gerações futuras. Hoje estamos vivendo no que foi projetado no passado. Cuiabá é uma cidade de 300 anos e já passou por uma série de adequações urbanísticas. Temos que começar a pensar qual vai ser a demanda do futuro e não a atual”.

Pensar no futuro, segundo a arquiteta, é pensar na ocupação dos espaços públicos, principalmente as áreas verdes, e não relegar a tarefa de cuidar destes locais apenas aos gestores. Cabe ao cidadão buscar informações sobre o que está sendo feito e pensado a respeito do meio ambiente e da sustentabilidade na cidade onde ele vive.

“A gente mora em uma cidade que tem apenas o apelido de cidade verde. O cidadão tem que se perguntar o que ele faz e o que pode fazer para que Cuiabá volte a ser realmente a cidade verde que conhecíamos”, observa Juliana. “A cidade se enfeia com a falta de atitude das pessoas ou com o descaso das mesmas, mas se embeleza quando os moradores se importam com ela. Não adianta fazer projetos novos se não há uma atitude consciente da população sobre, por exemplo, a destinação correta do lixo”.



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