#PAPO COM ELA Sexta-feira, 09 de Junho de 2023, 10:52 - A | A

Sexta-feira, 09 de Junho de 2023, 10h:52 - A | A

"Até quando vamos mandar recicláveis pra debaixo da terra?" questiona diretor

Michely Figueiredo
Da Editoria

Despertar a consciência de que a preservação do planeta é uma tarefa de todos é a principal missão da Teoria Verde, que tem como diretor Jean Peliciari. Aproveitando o Dia Nacional da Reciclagem e Mundial do Meio Ambiente, ele foi o entrevistado do Papo com Ela e abordou a necessidade de avanço nas práticas que buscam permitir o desenvolvimento com sustentabilidade. 

Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resídios Especiais (Abrelpe) mostram que no Brasil apenas 4% do que é descartado passa por reaproveitamento ou reciclagem. O número é muito pequeno se considerarmos que no Brasil são produzidos em média 343 quilos de lixo por ano por pessoa. Hoje o país conta com uma população superior a 210 milhões de habitantes, o que totaliza aproximadamente 80 milhões de toneladas de resíduos anualmente. 

Jean Peliciari destaca que se a população criasse o hábito de separar o que descarta em três categorias, o verdadeiro lixo, ou seja, aquele que não pode mais ser aproveitado seria apenas 10% do que produzimos. O restante seria matéria orgânica, ou lixo úmido, que pode passar pela compostagem e virar adubo e os materiais recicláveis, que podem ser reinseridos no circuito de consumo. ebc.pngTrocando em miúdos, estamos definitivamente "enterrando" dinheiro e consumindo sem necessidade novos recursos naturais quando não temos essa consciência ambiental. 

O diretor da Teoria Verde diz que aos poucos os mato-grossenses estão vivendo o despertar, mas pontua que cidades do interior estão mais avançadas nesse processo do que Cuiabá, que deveria ser exemplo para os demais municípios, uma vez que é a capital do estado. Embora as mudanças ocorram a passos lentos, Jean pontua que um grande salto dado pela administração de Cuiabá foi conseguir fechar o lixão e inaugurar o aterro sanitário. O mecanismo impede que o chorume, líquido proveniente da decomposição da matéria orgânica, entre em contato com o solo, contaminando assim o lençol freático. 

"A gente está enterrando recursos naturais, que foram extraídos para virar uma coisa, e a gente vai e enterra. É a morte dele. Antes era economia linear, a gente vai lá na natureza, extrai, produz a embalagem, o papel, a garrafa de vidro, a embalagem plástica, tudo extraído da natureza. Faz o produto, consome, joga no lixo e enterra, então a vida daquilo morreu ali enterrado. Agora o conceito é a economia circular. Então você vai a natureza, extrai, produz a embalagem, consome e você volta com ela para a economia. O papel vira de novo papel, o plástico vira de novo plástico, o metal, metal, é uma mudança realmente na forma de fazer. Cidades inteligentes já estão pensando diferente, já estão pensando na coleta nas três frações. Um dia é dos recicláveis, outro dia é dos orgânicos e por último o tal do lixo, que a gente chama de rejeito e que ainda se enterra, mas em breve poderá virar energia", explica Jean Peliciari. 

O diretora destaca que a coleta seletiva precisa ser adotada e que as cooperativas de reciclagem devem contar com mais incentivos para que possam ampliar o trabalho realizado. Hoje Cuiabá, que concentra mais de 600 mil habitantes, possue apenas quatro cooperativas, número baixo para o volume de recicláveis que são descartados diariamente. 

 

Assista à entrevista completa:



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