CONTEMPORANEIDADES Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020, 09:13 - A | A

Quarta-feira, 28 de Outubro de 2020, 09h:13 - A | A

ALINE RÁ RÁ RÁ

Eu não sei como fazer isso!

Aline Rá Rá Rá

Taurina com meio do céu em áries/carneiro. Mas se quiser saber sobre trabalho... sou publicitária e atriz por formação. Estive nos últimos anos concentrada (também) em desenvolver a minha fotografia, a produção, a escrita. Também estive empenhada em viver, maternar e desconstruir tudo que aprendi ao longo dos 35 anos que já começam a marcar a minha pele. Viva a desconstrução!

Num momento da história onde temos toda a tecnologia a nosso favor. Imagina! Hoje podemos ler livros ou ouvir os livros, podemos ter conhecimento palpável ou em e-books. Neste momento eu olho pra mim, tão cheia de vida, vontades e histórias pra contar e digo “Eu não sei como fazer isso!”. Isso o quê? - Pergunto eu para mim mesma. Isso! - Respondo mim mesma para eu.

É comum termos certezas sobre o que queremos. Terminar a faculdade, ter um carro, uma casa, um relacionamento estável e filhos, claro! Obrigada! Traz também um mousse de chocolate, por favor?! - Não. Não estamos num restaurante, não fazemos pedidos assim.

A vida é muito mais complexa. E tudo que acontece tem algum tipo de relação com o que você escolheu há 3 anos ou há 5 minutos. Que fique claro isso, para podermos iniciar nossa conversa.

“Eu não sei como fazer isso” se trata de um grito de desespero da minha parte mesmo. Eu assumi esse compromisso de escrever um artigo com minha amiga Michely, em 2 de julho. Que dia você está lendo isso? Você já viu a data da publicação. Pois é. É sobre isso.

Nãooo! Não é sobre escrever em si. É sobre antes disso. É sobre “quem sou eu?”. Depois da maternidade, meus olhos se abriram, parece que meus poros também. Sinto todas as pegadas que deixei pelo caminho, sinto as pessoas que se foram, sinto as amizades que acabaram, as que estão penduradas, só dependendo de um contato, uma ligação. Mas eu não gosto de ligação. Não gosto de falar com pessoas. Mas eu me esforço. Eu tento. Eu sei que é o único caminho pra mim. Eu sei que fugir das pessoas na verdade é fugir de mim e das minhas escolhas até agora.

Por que fugir? Não é óbvio? Nem todas as minhas decisões foram boas decisões. E como viver com isso? Encarar as pessoas com as quais vivi e decidi, criei vínculos e os abandonei. Eu não sei fazer isso. Isso poderia ser uma peça de teatro. Tá bem! Um prefácio, uma introdução. Algo que defina o ambiente, o cenário, não necessariamente físico, em que eu me encontro.

“Eu não sei como fazer isso” tem a ver com a minha necessidade de aprovação, criada lá na infância e mantida até hoje. Tem a ver com eu não conseguir mais lidar com essa necessidade de aprovação. E daí vamos ao extremo: Não quero ser aprovada! Quero demorar pra escrever o texto, quero me auto sabotar! Quero que ninguém espere algo de mim! Mas aí eu li que precisamos sair dos extremos. Não podemos ir pra eles, porque certamente voltaremos a errar do lado oposto. Porque supostamente não aguentamos os
extremos. Temos que tentar algum equilíbrio. 

Então pensei em vir aqui compartilhar o que se passa na minha mente hoje, sobretudo isso. Sobre escrever, sobre os trabalhos que faço que preciso “ganhar pessoas” para se juntar a mim numa coisa que é boa pra elas. As pessoas em geral têm medo de outras pessoas que as apoiem, têm receio que não seja bom. Certa vez criei um projeto fotográfico para presentear mães que não tinham fotos profissionais com seus filhos, com sua família ou mesmo fotografias de quando estavam gestantes. Resolvi que faria um trabalho
profissional pelo valor que a pessoa pudesse contribuir (10, 20, 70, 150, tanto faz). (Há muito tempo penso/pensava nisso!). Mas o que encontrei foi desconfiança, perguntas mil como se eu fosse um estúdio fotográfico, como se por ela pagar ainda que “pouco” ou “quase nada” eu tivesse de ter mil obrigações, assistentes, maquiagens, making of. Não! Isso não é sobre o mercado. Isso é sobre mim. Isso é sobre você!

Como foi difícil cada passo que eu dei ao contrário do que manda o mercado, do que manda o capitalismo e o ideal consumista. No fundo isso trata-se também sobre eu simplesmente dizer: eu não sei como fazer! E admitir de uma vez que é nesse lugar que eu me encontro. “Me encontro” de “estar” e me encontro de “me encontrar, me acalmar, me socorrer”. Porque ninguém mais pode curar sua
criança interior senão você mesmo. E tá tudo bem não saber como fazer. Apenas faça!

Nunca se esqueça isso!



Comente esta notícia

Aline Camargo 28/10/2020

gentiney!

positivo
0
negativo
0

1 comentários

Nossa República é editado pela Newspaper Reporter Comunicação Eireli Ltda, com sede fiscal
na Av. F, 344, Sala 301, Jardim Aclimação, Cuiabá. Distribuição de Conteúdo: Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Campo Verde, Nova Brasilândia e Primavera do Leste, CEP 78050-242

Redação: Avenida Rio da Casca, 525, Bom Clima, Chapada dos Guimarães (MT) Comercial: Av. Historiador Rubens de Mendonça, nº 2000, 12º andar, sala 1206, Centro Empresarial Cuiabá

[email protected]/[email protected]

icon-facebook-red.png icon-youtube-red.png icon-instagram-red.png icon-twitter-white.png