CONTEMPORANEIDADES Sexta-feira, 21 de Maio de 2021, 09:37 - A | A

Sexta-feira, 21 de Maio de 2021, 09h:37 - A | A

SILENE FERREIRA

Arcano 20, O Julgamento

Silene Ferreira

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Publicitária, taróloga, estudiosa de Mitologia, Oráculos e do Sagrado Feminino. Geminiana e gateira. Uma mente inquieta, que só sossega escrevendo. No Instagram: @Mythologika

Já não tenho medo da escuridão. Fui e voltei de lá infinitas vezes, de passagem ou temporada, pra tomar um café e jogar conversa fora com minhas inquietações ou dar uns pulos na cama elástica que instalei no fundo do poço.

Há muito tempo acredito que não são os nãos que nos matam, mas sim os talvezes (até já escrevi sobre isso em algum lugar perdido por aí, como todo o nada que guardo daquilo que produzo). Por isso, não hesito diante da vida. Estou à altura dos desafios. E ainda que não esteja, vou encarar de cabeça erguida.

Afinal, estou velha, sábia e rabugenta o suficiente pra mandar os tribunais da inquisição alheia às favas e fazer tudo de propósito, com causa, propriedade, consciência, atenciosamente e assinando embaixo.

Eu me valido.

Também não temo a luz. A minha própria nem a que vem de quem chega. Aprendi a regular intensidades e manter distâncias seguras, se necessário. O espaço é grande o bastante pra acomodar galáxias.

Tenho certeza de que os dias que me aguardam, justamente os que ainda não vivi, serão os melhores. Mas também não é por isso que me descuido do agora. Trato o hoje com carinho e saudade antecipada, sei que vou lembrar e dar risada até dos momentos menos brilhantes, pois o humor ainda é a melhor forma de lidar com as impossibilidades, vulnerabilidades e impotências.

Como diz o meme, “entrego, confio, dou uma surtada e agradeço”.

Consciência leve, desapegada de tudo aquilo que esteja fora de mim mesma, sem a pretensão de impor minhas verdades (“Não quero nem que cachorro me siga na rua”, salve Cazuza!). As escolhas do outro simplesmente não me interessam, não são assunto meu, não me cabem - tão confusa, complexa e abençoada sou eu, pra que mais?

E ao mesmo tempo, levo ao peito todo o amor mais responsável do mundo. Aquele que não pergunta, acolhe. Aquele que vem em quantidades suficientes pra recomeçar todos os dias.

E que apenas a Divindade, sob a forma que for, do jeito e na hora que quiser, me julgue. 



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