Quero tudo aquilo que me enche os olhos, dispara minha vontade e me acelera o peito.
Quero o que me faz sonhar acordada, tira os pés do chão e o juízo, ainda – e tão melhor – que pareça inatingível, misterioso, principalmente proibido.
Quero o que me lança aos abismos, me joga aos leões, mas também me inspira, ensina a não me conformar, não permanecer entediante e tediosa, não me dobrar ao previsível.
Quero o que não se limita, tudo ao que não se dá nome, não se classifica, não se diz em voz alta nem se põe às claras, não se mostra à luz do dia.
Tudo o que já me disseram que é feio, errado ou pecaminoso. O que ainda me assusta, espanta, escandaliza.
O que põe à prova tudo o que prego e em que mais acredito. Que tira minhas certezas, reduz a pó minha segurança, afronta minha consciência.
O que está à flor da pele mas nego, não aceito, não confesso, mas não recuso e ainda temo.
Segredo, que me atormenta, escraviza e, ao mesmo tempo, é capaz de me libertar.
Quero tudo que transborda, sacia e excede, que não me cabe, não cabe em mim e nem em si mesmo.
Quero aquilo que nem sei, mas faz parte de minha alma, o muito do todo que desejo.
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