AMBIENTE INTEIRO Quinta-feira, 30 de Julho de 2020, 10:48 - A | A

Quinta-feira, 30 de Julho de 2020, 10h:48 - A | A

35 MIL HECTARES DE FOGO

Há 10 anos Pantanal não via incêndio nessas proporções, aponta Bombeiros

Michely Figueiredo
Da Editoria

Análise feita pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso aponta que o Pantanal não vivia uma situação como a presenciada com os incêndios registrados nos últimos dias há 10 anos. Até o momento, mais de 35 mil hectares já foram devastados pelas chamas e o trabalho de contenção do fogo fica prejudicado porque o local é de difícil acesso. Não há pistas de pouso e nem mesmo acesso terrestre.

Os incêndios estão localizados nas proximidades do Parque Estadual Encontro das Águas (Incêndio Florestal Encontro das Águas) e do lado leste da Transpantaneira por volta do km 80 (Incêndio Florestal São José). Ao todo, cinco frentes de trabalho buscam combater o fogo na localidade.

"Esse ano é um ano atípico no Pantanal, muito seco. Há 14 anos não tinha um grande incêndio no Pantanal e culminou agora com uma grande estiagem e seca e também com uma grande quantidade de massa, vegetação, que nesse período seco se transforma em matéria orgânica, apodrece, se deteriora e forma diversos gases e pode pegar até fogo espontâneo”, explicou o comandante geral do Corpo de Bombeiros, Alessandro Borges Ferreira em entrevista à TV Centro América.

Na última terça-feira foi lançado o Comitê Temporário Integrado de Coordenação Operacional (Ciman) e a primeira reunião teve como fogo os incendios florestais em Mato Grosso. Integram o Comitê o Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT), juntamente com a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), o Exército Brasileiro, o Comitê de Gestão do Fogo, a Defesa Civil, o Ibama e diversos outros órgãos afins. O objetivo é fortalecer as ações de monitoramento, prevenção, preparação e resposta rápida às queimadas e incêndios florestais de forma integrada.

“A nossa estratégia é fazer uma prevenção mais aproximada para que não seja necessário realizar o combate e se for, que seja feito de maneira rápida, reduzindo os danos e esse trabalho integrado é muito importante, seja com os órgãos do Estado, do Governo Federal, com as secretarias municipais de meio ambiente e com os produtores rurais para que seja possível adotar posturas e medidas para mitigar o avanço do incêndio ”, relatou o Comandante Geral do Corpo de Bombeiros.

“O Pantanal já vem sofrendo com incêndios no Mato Grosso do Sul e na Bolívia e agora começou a chegar em Mato Grosso. Além disso, nós temos também o Cerrado, onde a queima é natural, embora seja proibido, e temos a Floresta Amazônica, onde os incêndios já sinalizam um grande esforço do estado para conter essa situação preocupante”, concluiu o Secretário de Segurança Pública, Alexandre Bustamante.

Situação do Pantanal mato-grossense

No último sábado (25) foi realizado um sobrevoo de reconhecimento dos incêndios florestais que atingem o setor sul de Poconé, nas proximidades da Transpantaneira. Devido a mudança na direção dos ventos, foi necessária a reavaliação das estratégias de combate e assim reorganizar as equipes em solo para a resposta efetiva.

Na análise, foi possível observar que o fogo no Encontro das Águas está controlado, com esforço concentrado para a extinção do incêndio. No entanto, na região São José as chamas continuam se alastrando, com atividade intensa observada principalmemte no flanco direito e na cabeça do incêndio. Outros focos secundários também foram detectados e as equipes informadas sobre as localizações.

Dados

O Pantanal mato-grossense teve um aumento de 530% nos registros de queimadas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram obtidos a partir de uma ferramenta interativa lançada no último dia 23 pelo Instituto Centro de Vida (ICV) para o monitoramento dos focos de calor no estado durante o período de proibição de queimadas.

A ferramenta também mostra que a antecipação do período proibitivo pelo governo do Estado não impediu um aumento de 12% no registro de focos de calor em comparação aos primeiros 15 dias de julho de 2019, quando a prática ainda estava liberada.

De janeiro a junho, foram contabilizados 548 focos de calor no bioma. No mesmo período em 2019, foram contabilizados 87.

Dados do Inpe mostraram que o volume de chuvas em todo o bioma ficou 50% abaixo do normal no período de janeiro a maio, o que também colaborou para deixar o bioma mais suscetível aos incêndios.

Um destaque foi o Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense, que passou de três para 99 ocorrências e figurou como a unidade de conservação com o maior índice de focos de calor no estado no semestre.

Pantanal sul mato-grossense

O incêndio na região do Paraguai-Mirim (Norte de Corumbá), próximo ao Rio Paraguai, teve início em 1 de julho. As chamas destruíram cerca de 10 mil hectares no entorno da escola rural Jatobazinho, que atende crianças e jovens ribeirinhos no sistema de internato. Em função das chamas, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) decretou situação de emergência ambiental na área do Pantanal por 180 dias e suspendeu os efeitos das autorizações ambientais de queima controlada.

Para auxiliar no combate ao incêndio florestal na região, Mato Grosso do Sul conta com o auxílio das Forças Armadas, que empregam cinco aeronaves para debelar o fogo.

No último sábado, quando começou a Operação Pantanal, as aeronaves militares realizaram três voos de reconhecimento. O primeiro no entorno das cidades de Corumbá e Ladário, ambas em Mato Grosso do Sul.

Em seguida, as Forças Armadas apoiaram o Corpo de Bombeiros Militar do Mato Grosso do Sul e o IBAMA em os voos que combateram focos de incêndio na Estrada da Codraza e em Baia Negra, além do norte do Porto Geral de Corumbá e na Volta do Arancuã. Já foram registrados mais de mil focos de incêndio no Pantanal.

Cerca de 50 militares do Corpo de Bombeiros trabalham na operação, com o apoio de oito veículos terrestres da corporação, além dos brigadistas do Ibama, Polícia Militar Ambiental e o apoio das três forças armadas. A maior dificuldade está no deslocamento até os focos porque os terrenos são acidentados, de difícil acesso. (Com assessorias)



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