Líderes das 20 maiores economias do mundo (G20) debatem neste domingo durante evento paralelo de alto nível do grupo sobre a chamada economia circular do carbono (CCE, na sigla em inglês). O evento é fechado, mas sete deles gravaram depoimentos sobre suas experiências e ambições em relação ao setor. O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, não estava entre eles. Durante a exibição do vídeo, alguns dos chefes de Estado e de governo colocaram a importância da sustentabilidade para o G20 no mesmo patamar das preocupações com a pandemia de coronavírus. O presidente americano, Donald Trump, disse que a estrutura do Acordo de Paris não serve aos Estados Unidos, mas que o país é o que mais investe no setor.
O primeiro a falar foi o rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, da Arábia Saudita, que neste ano é a presidente do G20. Para ele, o grupo conseguirá, unido, mitigar os efeitos negativos sobre o meio ambiente. "Salvaguardar o planeta é algo de extrema importância. Temos que ser pioneiros em sustentabilidade e colocar metas ambiciosas de ambiente", afirmou. O país se comprometeu a produzir 50% de sua energia a partir das fontes eólica e solar até 2030.
Na sequência, o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, que será o próximo país a liderar o G20, prometeu ampliar as ambições do grupo durante a presidência de 2021. "O impacto da pandemia não deve afetar nossa determinação de atingir nossos objetivos", alertou, salientando que os dois assuntos são "a maior pressão do nosso tempo". "Estou convencido que o G20 pode guiar o mundo para a direção correta", disse, acrescentando não haver "escapatória", a não ser a redução das emissões de carbono.
Já o primeiro-ministro do Japão, Yoshihide Suga, o último país a estar à frente da presidência rotatória do G20, disse que o grupo tem de trabalhar junto, como um time. Ele aproveitou para enfatizar o anúncio feito no mês passado pelo governo de reduzir a meta de emissão líquida para zero até 2050. O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, ressaltou que é preciso apoiar o crescimento, mas também a sustentabilidade. "Sempre temos que ter um olhar para o futuro e para o mundo que vamos deixar para nossas crianças", disse. Ele relatou que o país baniu a exportação de lixo plástico e citou medidas adotadas pela Austrália que foram premiadas pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O presidente chinês, Xi Jinping, por sua vez, disse que é preciso fortalecer a resposta do G20 às mudanças climáticas. Ele também descreveu iniciativas nesse sentido promovidas recentemente pelo seu país. "Podemos proteger o ecossistema com respeito à natureza. A Terra é uma casa compartilhada. Precisamos proteger o planeta azul."
Já o premiê indiano, Narendra Modi, ressaltou que todos estão focados em salvar seus cidadãos e economias por causa da pandemia. "Igualmente importante é manter nosso foco nas mudanças climáticas. Temos que viver em harmonia com o meio ambiente", declarou. Ele disse estar contente em dividir a informação de que seu país não só já atingiu a meta acordada em Paris, como a superou.
O último a gravar um depoimento foi Trump. Ele disse que os Estados Unidos trabalham para ter a água e o ar mais limpos do planeta, e que o país está investindo "bilhões" nesse sentido. O presidente afirmou também que é preciso neste momento proteger os trabalhadores americanos e os empregos do país, além de promover a sustentabilidade. Para o americano, as críticas feitas aos Estados Unidos sobre meio ambiente são "muito injustas", e são motivadas apenas pela decisão do país, em seu governo, de não ser mais um signatário do Acordo de Paris. Para ele, o pacto não atende às necessidades dos EUA. "Os Estados Unidos e o G20 têm uma oportunidade importante de manter esse trabalho", disse sobre o clima e a acessibilidade energética.
Bolsonaro diz que assumirá compromissos com sustentabilidade
O presidente Jair Bolsonaro afirmou há pouco a chefes de Estado e de governo durante reunião de cúpula do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20) que o Brasil vai assumir novos e maiores compromissos nas áreas do desenvolvimento e da sustentabilidade. "Ao mesmo tempo em que buscamos maior abertura econômica, estamos cientes de que os acordos comerciais sofrem cada vez mais influência da agenda ambiental", afirmou ele durante o encontro que ocorre neste fim de semana virtualmente por causa da pandemia de coronavírus.
O mundo tem olhado para a agenda ambiental brasileira por causa das polêmicas em torno da administração das florestas tropicais, em especial da Amazônia. Alguns investidores internacionais já alertaram o Palácio do Planalto sobre a necessidade de ampliar a proteção ambiental feita no País sob o custo de tirarem seus recursos do território nacional. Algumas cadeias varejistas gigantes, principalmente da Europa, também têm condicionado a continuidade das compras de produtos domésticos a certificações de origem das matérias-primas.
"O Brasil é um país resiliente. Queremos um futuro de desenvolvimento sustentável e repleto de oportunidades para a nossa população", disse Bolsonaro. Ele afirmou que seu governo tem promovido a abertura da economia, com vistas a uma maior integração do Brasil aos fluxos de comércio e investimento mundiais. Para o presidente, são demonstrações do empenho os acordos comerciais negociados pelo Mercosul com a União Europeia e a Associação Europeia de Livre Comércio, a EFTA.
Bolsonaro também mencionou o início das tratativas com a Coreia do Sul e com o Canadá e os acordos firmados entre o Brasil e Estados Unidos sobre facilitação do comércio, boas práticas regulatórias e combate à corrupção. "Estamos construindo um País aberto para o mundo, disposto, não apenas a buscar novos acordos comerciais, mas também a assumir novos e maiores compromissos nas áreas do desenvolvimento e da sustentabilidade."