Quero começar a semana retomando um assunto que pode ter impacto muito negativo no processo eleitoral e no sistema representativo que é a base da nossa democracia.
Deputados federais vêm atuando na produção de uma mudança nas normas eleitorais que não faz o menor sentido. A pretexto de uma reforma no campo eleitoral estão propondo que o País adote o chamado “Distritão”, um sistema que elege os mais votados e desconsidera o voto na legenda.
A vantagem do “Distritão”? Nenhuma. Não fortalece os partidos, não melhora a representatividade eleitoral, ao contrário; não prioriza princípios partidários, nem posicionamento ideológico, não estabelece o embate de ideias e ideais. Também não reduz o custo das eleições.
O “Distritão” só beneficia o personalismo político, só fulaniza a política, só favorece políticos conhecidos, estimula o fisiologismo eleitoral, favorece as negociatas obscuras por apoio de igrejas, de sindicatos, de setores corporativos, grupos econômicos...
Não existe nenhuma razão sequer para se discutir, neste momento, qualquer tipo de reforma partidária, salvo se fosse para reduzir o número de partidos, o valor do fundo partidário, a aplicação rigorosa da fidelidade partidária...
Não existe nenhum clamor popular por reforma eleitoral. Então está mais do que claro que o “Distritão” só vai se prestar a atender o interesse eleitoral de meia dúzia em detrimento dos valores da democracia, do debate político, e dos interesses da sociedade brasileira.
Este assunto merece a atenção de todos.
