No cenário em constante evolução da indústria e das demandas energéticas, Mato Grosso emerge como um pioneiro na busca por soluções sustentáveis. A crescente previsão de implementação de novas unidades de produção de etanol a partir do milho, juntamente com o avanço do setor industrial, projeta uma demanda ampliada por biomassa no estado. A biomassa, proveniente de recursos orgânicos vegetais como cavacos de madeira, resíduos de serrarias, eucalipto, palha de arroz e outras fontes, destaca-se como uma fonte primordial de energia limpa utilizada para alimentar as caldeiras nas fábricas.
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), compreendendo a importância estratégica da biomassa, estabeleceu o Fundo Desenvolve Floresta. Instituído em 2021 e operacionalizado a partir de 2022, esse fundo desempenha um papel crucial na asseguração de matérias-primas essenciais para as indústrias. Ao alinhar a reposição florestal com a demanda crescente, o fundo não apenas contribui para a sustentabilidade ambiental, mas também fortalece a economia ao impulsionar o desenvolvimento industrial.
Ao destacar os recursos da região, Linacis Silva, superintendente de Agronegócios e Crédito da Sedec, aponta para o potencial de Mato Grosso na geração de biomassa. As condições climáticas e a diversidade do solo criam um ambiente propício para essa fonte de energia limpa. Além disso, a integração lavoura-pecuária-floresta, uma peça central do Plano ABC+ do estado, oferece uma abordagem holística para a redução das emissões de gases de efeito estufa na agropecuária, mostrando um compromisso claro com a sustentabilidade a longo prazo.
A visão de futuro é igualmente impressionante. Com um planejamento que inclui a integração de florestas com a produção de alimentos, Mato Grosso almeja uma coexistência equilibrada entre o desenvolvimento industrial e a preservação florestal. Esse compromisso se traduz em números tangíveis, com a previsão de 1,3 milhão de hectares em sistemas integrados e 285 mil hectares de florestas.
O Fundo Floresta, através do Conselho Gestor, direciona recursos para apoiar esse ambicioso panorama. Desde linhas de crédito para o desenvolvimento florestal até a transferência de tecnologia e pesquisa, essas alocações demonstram um comprometimento sólido com o crescimento sustentável.
Um exemplo notável da sinergia entre indústria e sustentabilidade é a utilização da biomassa proveniente de manejo florestal sustentável pelas indústrias, notadamente após a implementação das usinas de etanol de milho. O vice-presidente da Fiemt, Frank Rogieri, destaca como essa abordagem transformou o cenário da indústria madeireira de florestas nativas. O crescimento substancial na produção de cavacos de biomassa demonstra uma mudança significativa no uso de recursos, levando a benefícios ambientais tangíveis.
A experiência de Marcelândia em 2010 é um lembrete vívido das consequências da falta de utilização adequada dos resíduos de serrarias. Incêndios e impactos negativos na comunidade deixaram marcas duradouras. No entanto, iniciativas como a FS Bioenergia, que já possui três plantas em Mato Grosso e projeta novas unidades, mostram que a transformação é possível. O uso consciente da biomassa não apenas ajuda a evitar tragédias, mas também impulsiona a economia, como ilustrado pelos impressionantes números de produção.
À medida que Mato Grosso avança em direção a uma economia mais verde e sustentável, a biomassa emerge como um elemento essencial dessa jornada. A demanda crescente não apenas contribui para o setor industrial, mas também para o objetivo mais amplo de equilibrar o crescimento econômico com a proteção ambiental. O estado está estabelecendo um modelo para outros, um modelo que demonstra que a sustentabilidade e o progresso podem caminhar de mãos dadas.