O tal PRD (Partido Renovação Democrática), é a fusão do Patriota com o histórico Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Essa fusão se deu exclusivamente para contornar a cláusula de barreira. Explico: como nenhum dos dois partidos alcançou, nas eleições de 2022, o percentual de votos necessários para acessar recursos do fundo partidário e o direito a propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão, decidiram fundir-se, se transformaram num “novo partido”, com autorização Tribunal Superior Eleitoral. Assim, PTB e Patriota emergiram do fracasso das urnas, agora sob a sigla PRD.
Ideologicamente o PRD é um partido conservador e nacionalista, que reúne políticos de direita e extremistas de direita, e abriga nacionalmente em suas fileiras movimentos neofascistas e integralistas.
O governador Mauro Mendes, que é do União Brasil, indicou à direção nacional do PRD, o nome do empresário e suplente de senador Mauro Carvalho para assumir a direção do partido em Mato Grosso. O deputado Júlio Campos, que avaliava a possibilidade de ir para o PRD no estado, aparentemente desistiu da filiação.
Dilmar Dal Bosco que não esconde sua vontade de filiar-se ao novo-velho partido não recebeu permissão para deixar o UB.
O desafio proposto pela direção nacional do PRD é acomodar na legenda – sob o comando de Mauro Carvalho – um intrincado mosaico político que envolve nomes como Neurilan Fraga, ex-presidente da AMM, Antonio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil, entre outros próceres da direita mato-grossense, que já se confrontaram nas urnas com interesses do governador Mauro Mendes.
São inúmeras as incertezas acerca do PRD em Mato Grosso. Por ora, a percepção mais efetiva é a de que o partido, comandado nacionalmente por Ovasco Resende, será um puxadinho do União Brasil, comandado por Mauro Mendes. E isso não é bom, nem ruim, apenas mais do mesmo da velha política partidária brasileira, em que os partidos servem apenas como cartórios que viabilizam burocraticamente candidaturas e fazem a gestão do dinheiro público do fundo partidário.
Em tempo: nesta equação não entra Eduardo Botelho, pelo menos em tese. Salvo se Mauro Mendes decidir ter no pleito deste ano dois candidatos a prefeito de Cuiabá: Botelho pelo “puxadinho” e Fábio Garcia, pelo União Brasil. Acha impossível? Política, em matéria eleitoral, aceita de tudo!